Um bispo norte-americano qualificou como uma “visão do inferno” a celebração dos senadores de Nova York no dia em que se aprovou nesse estado a lei que permite o aborto durante toda a gravidez.

"O vídeo da 'celebração' dos legisladores de Nova York condenando as crianças não nascidas à morte é uma visão do inferno. Ai daqueles que ignoram a santidade da vida, pois semeiam o turbilhão do inferno! Oponham-se a este holocausto de todas as formas possíveis", escreveu Dom Joseph Strickland, Bispo de Tyler, em 25 de janeiro, em sua conta no Twitter, uma mensagem que reiterou na segunda-feira, 28, porque "vale a pena repetir uma e outra vez”.

Veja o vídeo ao qual o bispo se refere aqui:

Na terça-feira, 29, Dom Strickland também questionou o governador de Nova York, Andrew Cuomo, que considerou a lei como uma vitória histórica. O aborto continuará sendo legal neste estado mesmo se a Suprema Corte reverter a decisão Roe vs. Wade.

"Cuomo está tentando alegar algumas questões de moral, algo que não pode ser. Suponho que ele esteja planejando proteger as crianças do abuso assassinando-as antes de nascerem. Ele não valoriza a criança", escreveu o bispo em resposta às críticas do governador contra a Igreja pelos casos de abuso sexual na Igreja.

Dom Strickland não é o único bispo a condenar a lei do aborto em Nova York. O Bispo Auxiliar de Los Angeles, Dom Robert Barron, também a condenou em suas palavras do dia 29 de janeiro no site’ Word of fire’ (Palavra de fogo).

Em seu artigo intitulado "Nova York, aborto e um atalho para o caos", o Bispo assinala que, quando o governador ratificou a lei, "os legisladores e os seus partidários uivaram, gritaram e aclamaram. Uma cena tão deprimente como o júbilo que se espalhou pela Irlanda no ano passado, quando a legalização do aborto foi aprovada em um referendo".

"Se um recém-nascido fosse brutalmente mutilado e assassinado enquanto está tranquilamente no berço na casa de seus pais, todo o país ficaria escandalizado e pediria uma investigação sobre o assassinato. Mas agora a lei de Nova York confirma que esta mesma criança, momentos antes de nascer, enquanto descansa tranquilamente no ventre de sua mãe, pode ser despedaçada com um fórceps com total impunidade”, expressou.

“Ninguém vai chamar a polícia, pelo contrário, parece que o assassinato seria motivo de celebração”, lamentou.

Para Dom Barron, o que permite que isso aconteça é uma ideologia contrária à vida humana que, segundo a “terminologia de Jordan Peterson, é a ‘charlatanaria’ dos demônios, o barulho confuso do pai da mentira”.

A lei

 O Senado do Estado de Nova York (Estados Unidos) aprovou no dia 22 de janeiro uma nova lei do aborto que permitirá esta prática durante toda a gravidez.

Esta norma permitirá aos profissionais de saúde, como praticantes de enfermaria e médicos assistentes, que realizem abortos. Além disso, endossa o aborto tardio em qualquer momento em caso de inviabilidade fetal ou “quando for necessário para proteger a vida ou a saúde de um paciente”.

Se o bebê sobreviver ao aborto, o profissional que está realizando pode deixá-lo morrer.

A lei, aprovada no dia do aniversário da decisão Roe vs. Wade que legalizou o aborto nos Estados Unidos em 1973, também transfere esta prática do código penal para o código de saúde.

A norma estabelece que o aborto continuará sendo legal no estado de Nova York, mesmo se a Suprema Corte reverter a decisão Roe vs. Wade.

Se a Suprema Corte reverter a decisão de Roe vs. Wade, o que poderia ocorrer após a nomeação do juiz Brett Kavanaugh, a aprovação do aborto deixará de estar nas mãos do governo federal dos Estados Unidos, mas vai depender de cada estado.

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Isso seria possível porque, embora a reversão da decisão não tornasse o aborto ilegal, daria a cada estado a capacidade de decidir por si mesmo; como aconteceu em Nova York com a assinatura desta lei que permite o aborto a qualquer momento durante a gravidez.

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