Muitos conhecimentos, descobertas sobre a história da Igreja se devem ao trabalho de arqueólogos; mas, o que é realmente a arqueologia sacra e o que a diferencia da convencional?

Em entrevista concedida a ACI Digital, o arqueólogo Carlos Evaristo explicou esta questão e também sublinhou a grande importância da arqueologia sacra para a Igreja, que não se resume apenas a fatores históricos.

“Enquanto a arqueologia convencional busca, em vestígios materiais, a compreensão das culturas e dos modos de vida de diferentes sociedades humanas, do passado e do presente, a arqueologia sacra está voltada, especificamente, para o que a Igreja Católica considera sagrado”, especificou o especialista.

Carlos Evaristo é arqueólogo, historiador, autor e escritor, além de representante do Gabinete dos Patronos dos Museus do Vaticano para países Lusófonos. Também é fundador/curador da Real Lipsanotheca, em Portugal, onde, segundo ele, é possível encontrar o maior acervo de relíquias fora do Vaticano. E, para dar suporte a esta missão, criou também o Apostolado para as Relíquias Sagradas e a Cruzada Internacional pelas Relíquias Sagradas (ICHR).

Segundo Evaristo, na arqueologia sacra, “a partir de vestígios sobrenaturais, o especialista descortina o transcendental”.

Quais seriam esses vestígios? Conforme pontuou, trata-se dos “lugares santos que testemunharam acontecimentos extraordinários, as relíquias sagradas...”. Entretanto, o especialista assinalou que, “por ser uma ciência, há procedimentos adequados para a pesquisa, como manuseio correto de corpos santos e artefatos sagrados”.

Nesse sentido, resumiu, “entre os deveres de quem se dedica a essa área, está a busca da preservação dos inestimáveis tesouros da Cristandade”.

Sobre o trabalho que realiza em relação às relíquias, explicou que consiste em estudar “desde as origens”, a “sua trajetória histórica até a comprovação da autenticidade por meio de análises científicas”.

“Já fui convocado para avaliar muitas das mais principais relíquias da Igreja Católica, como o Santo Cálice e a Santa Síndone (chamada de Santo Sudário)”, contou o especialista que também é “convidado a intervir em escavações arqueológicas e traslados de corpos de santos ou servos de Deus”, sendo todos esses serviços “prestados gratuitamente à Igreja”.

Nessa sua jornada como arqueólogo sacro, Carlos Evaristo já teve seu trabalho abençoado inclusive por uma santa, Madre Teresa de Calcutá, a qual conheceu com sua mãe, no Canadá, nas Irmãs de Caridade.

Madre Teresa “aceitou ser Patrona/Fundadora de nosso Apostolado e trocamos inúmeras correspondências. Após sua morte, a Irmã Nirmala tornou-se nossa Patrona”, contou.

Irmã Nirmala foi a primeira sucessora de Madre Teresa de Calcutá como superiora das Missionárias da Caridade, das quais esteve à frente até o ano 2009, quando foi sucedida pela religiosa Mary Prema. Faleceu em junho de 2015, aos 81 anos de idade.

Além das Missionárias da Caridade, o trabalho com relíquias de Carlos Evaristo contou a bênção de uma das videntes de Fátima, Irmã Lúcia, da qual foi nomeado intérprete para a língua inglesa.

Deste trabalho, recordou, “nasceu uma grande amizade. Ela apoiou nosso Apostolado e aceitou o convite para ser a nossa Patrona. Doei à Irmã Lúcia diversas relíquias para devoção pessoal e, em troca, recebi algumas para a Lipsanotheca”.

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