O Brasil comemora neste dia 15 de novembro a Proclamação da República, que ocorreu em 1889; trata-se de uma data propícia para refletir sobre o bem comum, conforme indicou em recente artigo o historiador Christian Moreira de Souza, membro da Comunidade Canção Nova.

No texto, intitulado “Proclamação: um ato contínuo”, Souza explica que a palavra “república vem do latim: res publica, ‘coisa pública’ ‘que pertence ao povo’”. Nesse sentido, ressalta, “no regime republicano, o aspecto central é o interesse da comunidade, comum a todos, em detrimento dos interesses individuais e dos negócios particulares”, ou seja, “a república volta-se para a finalidade do governo, que é o bem comum”.

Entretanto, recorda que, “no Brasil, a República foi implantada sem a participação, o engajamento ou mesmo a ciência do povo, se evidenciando como uma ação conjugada entre setores do exército e de uma elite em formação, vinculada a setores cafeicultores do Oeste Paulista”.

“Este aspecto presente no alicerce republicano nacional nos faz compreender por que em tantas vezes da história de nossa nação, sobretudo após a proclamação, o povo e suas necessidades passaram ao largo de alguns governos”, lamenta o historiador.

Por isso, segundo Souza, é fundamental “a ressignificação da importância e participação de cada um” para que haja “a plena realização do espírito republicano”. Sendo assim, indica “algumas proclamações necessárias e urgentes aos nossos dias” para que se construa “uma república efetivamente destinada ao governo do bem comum”.

Primeiramente, aponta, é necessário “proclamar o Brasil como um país em processo de desintoxicação das práticas corruptas e corruptoras” e, para isso, “não adianta estendermos o dedo em riste para Brasília e continuarmos com as corrupções nossas de cada dia”.

“O projeto anticorrupção começa na educação dada em casa, aos filhos, fundamentando-se não no discurso, mas na prática”, afirma.

Outro ponto é ser proclamado, segundo o autor, é “um tempo de paz”, a fim de “gerar, incentivar e promover uma cultura de paz”. “Independentemente do que se tem oferecido, cultura de paz é decidir o que eu vou oferecer ao mundo. Não podemos mudar o mundo todo de uma vez, pois não temos governabilidade, mas podemos sim, ser oásis de paz, onde estivermos, com nossas escolhas, ações e reações”, assinala.

Além disso, defende que é preciso “proclamar um tempo de esperança”. “Os últimos dias de nosso país, por ocasião do pleito eleitoral, deixaram muitas sequelas”, recorda, ao enfatizar que “a interposição de ideias é um ponto forte da democracia”, enquanto “a animosidade entre as pessoas é sua deformação”.

“Precisamos ter uma esperança proativa. E o que fazer para contribuir para o bem comum? A primeira coisa é exatamente essa: tenhamos esperança”.

Por fim, convida a proclamar “uma frase dita pelo pastor Martin Luther King, em seu histórico discurso, em Washington, em 1963: ‘Eu tenho um sonho’. A luta de construção de uma realidade mais humanizada, menos excludente, mais inclusiva, deve ser de todos”.

Desse modo, Christian Moreira de Souza expressa que “é esta a proclamação que precisamos celebrar de forma continuada em nossa nação. Feita sim pelos que assumem funções de governo, mas, principalmente, por todos que constroem de forma silenciosa a realidade que vivenciamos como nação”.

“Acompanhemos, cobremos, fiscalizemos os representantes ora eleitos e que tomarão posse no ano vindouro. Que nossa república se destine ao bem comum, ao bem de todos, como deve ser”, conclui.

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