Tinha tudo: sucesso profissional, dinheiro, amigos e uma boa família, mas mesmo assim não era totalmente feliz. É a experiência de Belén Manrique, uma jovem espanhola de 33 anos missionária na Etiópia, que deixou tudo para evangelizar neste país.

"Eu sempre digo que a missão não é nada entediante. É mil vezes melhor do que podemos imaginar. É uma vida cheia de surpresas, se você se coloca nas mãos do Senhor", disse no começo da sua entrevista ao Grupo ACI durante uma visita a Roma.

"Vivo em Adis Abeba, capital da Etiópia, e a minha missão é testemunhar o amor de Deus onde Ele me pede, construir a igreja porque ali é muito pobre. A comunidade cristã é muito fraca, por isso é muito importante ajudar as pessoas a conhecerem Jesus Cristo", explica.

Em relação à sua vocação, conta que "não estava satisfeita com a vida que levava, o plano que Deus tinha para mim era outro, e quando descobri que ele queria que eu levasse o amor de Deus às pessoas que não o conhecem, não hesitei, não foi difícil deixar o trabalho de jornalista, nem deixar Madri".

Na Etiópia, o seu primeiro destino foi o deserto da Somália, "onde a maioria dos habitantes são muçulmanos". "Percebi que era necessário que a Igreja chegasse lá para levar o Evangelho às pessoas que não o conhecem e necessitam dele, como todos nós necessitamos".

A jovem jornalista pertence ao Caminho Neocatecumenal. "Graças a este crescimento na fé, eu me encontrei com Jesus Cristo e percebi que é o único que traz felicidade ao homem. Foi onde eu encontrei a missão que o Senhor tinha pensado para mim".

"A Etiópia é 50% muçulmana e 50% cristã, mas os cristãos ortodoxos são maioria. A Igreja Católica não chega nem a 1% da população", explica Belén sobre a realidade religiosa do país.

"Estamos construindo uma missio ad gentes nos arredores de Adis Abeba, em um bairro onde a Igreja Católica não está presente. Além dos ortodoxos há muitos protestantes".

Além disso, sublinha que "não se trata de ganhar seguidores, mas de ser testemunhas e fazer com que Jesus Cristo seja conhecido".

"Quando digo na Etiópia que não estou casada e que de alguma maneira estou ‘comprometida’ com Jesus Cristo, e que deixei meu trabalho e a minha família pela missão, eles riem e não acreditam, não conseguem entender isso. Também se surpreendem de ver uma menina jovem, sem hábito religioso que diga estas coisas".

“Recentemente, um menino me perguntou: 'É possível ser católico sem ser religiosa ou sacerdote?'. A maioria dos católicos que chegaram à Etiópia são religiosas e sacerdotes e eles têm esse pensamento”.

Também há muitos os etíopes que deixam sua terra em busca de um futuro melhor. Belén detalha que “há dois tipos de imigrantes: os que fogem da guerra ou da falta de paz em seu país e outros que querem chegar, por exemplo à Europa, seduzidos pelo que veem na televisão, pela imagem que eles criam para si do que é este mundo que aparentemente é algo maravilhoso, perfeito, de luxos. Eles têm uma vida precária, muito dura, na qual trabalham muito”.

"Cada vez mais abandonam o mundo rural para viver na capital, buscando assim melhorar. Todos os dias há alguém que me pede que o leve ao meu país e eu digo que quem não vai regressar ao seu país sou eu. Conto que eu vivia nesse mundo idílico ao qual eles querem ir e renunciei a ele. Explico que as riquezas não dão felicidade, que eu tinha tudo isso que eles desejam e não me dava a felicidade. Sou muito mais feliz, porque quem dá a felicidade é Deus e o amor ao próximo”.

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