Após o anúncio de sua nomeação entre os 14 novos Cardeais que serão criados pelo Papa Francisco no dia 29 de junho, o Bispo de Leiria-Fátima, Dom António Marto revelou que recebeu a notícia com emoção e disse que vê esta nova missão como “mais um serviço” à Igreja.

Em coletiva de imprensa na tarde de domingo, 20 de maio, no Santuário de Fátima, Dom Marto contou que recebeu a notícia “com um misto de surpresa e de emoção” pouco antes da Missa das 11h30, na Sé de Leiria, por meio de uma mensagem telefônica do Núncio Apostólico, que tinha acabado de ouvir pela televisão o anúncio que o Papa Francisco fez após a oração do Regina Coeli, no Vaticano.

“Como sou um homem de emoção, as lágrimas vieram aos olhos e tive de me dominar para não dar a entender nada àqueles que me rodeavam”, recordou o Bispo. Em seguida, revelou que sentiu “a paz de espírito de quem diz ‘seja feita a vontade do Senhor’”.

Segundo o futuro Cardeal, ao sentir ser “um serviço que a Igreja me pede, encontrei a tranquilidade nesta atitude de disponibilidade para colaborar com o Santo Padre nesta nova responsabilidade”.

“Não falei com o Papa. Ele surpreende-nos e desta vez também me surpreendeu. Quando falar com ele vou agradecer-lhe este ato de confiança e colocar-me à disponibilidade do Santo Padre” acrescentou.

Para Dom António Marto esta nomeação apresenta três aspectos. O primeiro deles “é um serviço que o Papa pede para o ajudar no ministério de Bispo de Roma e Pastor da Igreja universal”.

“O segundo é uma maior ligação entre a Sé de Pedro e as Igrejas particulares, também a Diocese de Leiria-Fátima, para o que terá contribuído a celebração do centenário [das Aparições], em que o Santo Padre experimentou ao vivo o que significa Fátima para a Igreja universal e para o mundo”, considerou.

E, em terceiro lugar, indicou que este “é um ato de confiança pessoal do Papa na minha humilde pessoa”. “Já estive em duas audiências com o Santo Padre, ele conhece bem o que eu penso e sabe que tem em mim um apoiante de toda esta reforma que está a fazer para uma Igreja mais evangélica, mais próxima e mais misericordiosa, no que pode contar comigo”, acrescentou.

Questionado pelos jornalistas sobre a possibilidade de se tornar Papa, Dom Marto assinalou que esta ideia não lhe “passava pela cabeça” e sublinhou que não vê a sua nomeação cardinalícia “em termos de subir na hierarquia ou de meritocracia”, ao contrário, indicou que se trata de “um serviço e uma responsabilidade a mais a prestar à Igreja universal”.

“Eu venho de uma família humilde e o meu pai não gostava muito que eu fosse padre, mas depois aceitou e, um dia, chamou-me à parte, depois da ordenação, e disse-me: ‘meu filho, lembra-te sempre que vens de uma família humilde, que não te suba o poder à cabeça’”, recordou.

O Bispo revelou, então, que segue “este legado” deixado por seu pai. “Nunca me subiu o poder à cabeça, nem aspiro a lugares de poder. Para mim, a autoridade é um serviço e é um dever; e o Senhor dá a graça para podermos realizar a nossa missão”.

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