Pela primeira vez, um prelado chinês presidiu a Peregrinação Internacional Aniversária de Fátima, tratou-se do Bispo Emérito de Hong Kong, Cardeal John Tong, que rezou pela Igreja Católica na China e pediu que os devotos da Virgem se unissem a esta intenção.

“O governo chinês caminha para a criação de uma igreja nacional autônoma, através de uma associação patriótica, de sanções governamentais e leis religiosas. A autoridade estatal está a tentar atingir este objetivo através de medidas restritivas, materializadas na vida social e eclesial, o que torna a vivência da fé ainda mais difícil”, contou o Prelado durante coletiva de imprensa no sábado, 12 de maio.

Apesar disso, Dom John Tong se mostrou esperançoso quanto ao futuro da Igreja Católica em seu país. “Este otimismo fundamenta-se na forte coragem que Deus dá a muitos católicos chineses para defenderem a sua fé. O espírito Santo está a conduzir a Igreja para o diálogo, o que me deixa com esperança no sucesso nas relações entre a Igreja e a China”, afirmou.

O convite para que o Bispo emérito de Hong Kong presidisse a primeira Peregrinação Aniversária deste ano, que recorda as aparições da Virgem Maria aos três pastorinhos, se deu, sobretudo, devido ao “aumento exponencial” de peregrinos asiáticos que visitam a Cova da Iria, concretamente da China.

Na coletiva de imprensa, o Bispo de Leiria-Fátima, Dom António Marto, sublinhou que a presença de Dom Tong “representa os católicos chineses, e o eixo asiático que está a emergir do ponto de vista da Igreja Católica”.

“Estamos a viver um momento delicado e esperançoso entre a Santa Sé e a China, no sentido de um diálogo que pode abrir caminho para o reconhecimento da Igreja Católica naquele país. Esta será, portanto, uma das intenções presentes nesta Peregrinação Internacional, com o pedido pela intercessão de Nossa Senhora para que este diálogo seja frutífero e que chegue a bom termo”, expressou.

Por sua vez, o Cardeal de Hong Kong assinalou que “a nossa peregrinação não deve ser um momento único, devemos praticar a nossa fé todos os dias, imitando o exemplo de Maria, aceitando a vontade de Deus como Ela”.

Nesse sentido, acrescentou, “nesta peregrinação, peço-vos que também rezem a Nossa Senhora pela China”.

Já no final da tarde de sábado, 12 de maio, na Capelinha das Aparições, Dom John Tong se apresentou como “representante de todos os católicos chineses de Hong Kong, da China Continental, de Taiwan e de outros lugares”.

Em seguida, pediu a intercessão da Virgem de Fátima para que a humanidade possa deduzir a melhor atitude face às “divisões e incompreensões internas, com ataques e opressões externas”, que a Igreja Católica vive.

“A Igreja tem ainda uma grande necessidade de luz e de orientação, a fim de poder responder adequadamente a esses desafios. E nós, seus membros, provenientes de tantos países do mundo, encontramo-nos aqui junto aos pés da Mãe celeste para Lhe apresentar, com confiança, as nossas súplicas”, disse.

Vigília e procissão das velas

Na noite de sábado, o Recinto do Santuário de Fátima foi tomado por uma multidão de peregrinos para a tradicional procissão das velas, na vigília da peregrinação de maio.

O Bispo emérito de Hong Kong presidiu a Missa, que contou com presença o presidente da República Portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, acompanhado pela presidente da Croácia, Kolinda Grabar-Kitarovic, que estava em visita de estado a Portugal.

Em sua homilia, sublinhou a mensagem deixada pela Virgem Maria aos pastorinhos Francisco, Jacinta e Lúcia, com um forte apelo à conversão, à oração e ao sacrifício.

“Maria sabe que a causa das piores desgraças humanas é o pecado e sempre mostrou ter uma forte preocupação pelos pecadores, a fim de impedir que fossem para o Inferno”, ressaltou o Prelado.

Por isso, pontuou, “aqui em Fátima, (a Virgem) recomendou com insistência aos três videntes que rezassem e fizessem penitência pela conversão dos pecadores, pelo fim da guerra e pela paz no mundo, de forma a evitar tribulações para o mundo e perseguições para a Igreja”.

“Permaneçamos sob o seu manto de Luz. Renovemos a nossa confiança na sua intercessão e no seu cuidado para com cada um de nós”, exortou o Prelado, convidando os fiéis a recorrerem “à proteção de Maria”, “sobretudo nas dificuldades e nos sofrimentos”.

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