Pe. José Maria Vegas é um missionário claretiano espanhol que vive em São Petersburgo há 21 anos. Ele é o chefe de estudos do único seminário católico na Rússia, trabalha em uma paróquia, atende os casais que fazem parte do movimento Encontro Matrimonial e há oito anos é o único exorcista em toda a Rússia.

O Pe. Vegas foi entrevistado pelo programa “Madrilenhos pelo mundo” da rede espanhola ‘Telemadrid’. Neste programa, um repórter encontra pessoas que nasceram em Madri (Espanha) e vivem em todos os lugares do mundo, os quais contam por que deixaram a Espanha e o que fazem no país em que moram.

O sacerdote, que nasceu no bairro de La Latina, no centro de Madri, explicou que dava aulas no seminário dos Claretianos em Colmenar Viejo, em Madri, e se disponibilizou para ir em missão onde fosse necessário.

“Eu me ofereci para uma aventura sem saber para onde ia. Viajei para a Rússia. A minha congregação pediu voluntários e eu disse que estava disposto. No dia seguinte, o meu superior me chamou e disse para preparar a minha mala”, explica.

A princípio, estava previsto que ele iria permanecer na Rússia por apenas três anos, mas vive há mais de duas décadas no país.

Segundo conta à repórter, Pe. Vegas decidiu tornar-se sacerdote aos 18 anos. “Tive a ideia de me dedicar a Deus e aos outros, e foi como uma inspiração”.

Sobre seu trabalho como exorcista, Pe. Vegas explica que, “um dia, o Bispo me chamou e disse que tinha pensado que eu pudesse ser o exorcista diocesano. Fiquei sem palavras”.

Pe. Vegas explica que durante os exorcismos ele agarra a cruz e a estola e reza um ritual “que é muito simples”.

De acordo com o sacerdote, “há duas orações: uma dirigida a Deus, pedindo a libertação dessa pessoa, e outra dirigida ao diabo, na qual é ordenado a deixá-la”, “essa parte eu sempre rezo em russo”, destacou.

“Eu tive quatro casos de possessão. Um caso aconteceu em Moscou, uma mulher que estava ligada à adivinhação com cartas de tarô durante muitos anos e o seu esposo estava envolvido em temas de astrologia e magia. Quando se converteram ao catolicismo, ela começou a ter problemas, não conseguia entrar na igreja, tinha ataques de ódio contra os ícones e nos exorcismos havia reações bastante fortes”, contou o sacerdote claretiano.

Também contou que teve ocasiões nas quais, durante os exorcismos, “a pessoa não sabia russo e me respondia em russo ou em latim. Isto acontece porque não é ela que responde, mas o ‘bicho’ que está dentro dela”.

O sacerdote também recordou durante a entrevista o caso de uma mulher que havia procurado em diversas ocasiões os curandeiros e feiticeiros porque queria engravidar.

“Atualmente, esta mulher está muito bem, mas durante uma oração ela repetia muito ‘meu senhor, meu senhor’. Perguntei-lhe mentalmente em espanhol, sem dizer nenhuma palavra: quem é o teu senhor? Ela abriu os olhos e disse: ‘O meu senhor é satanás’. Ela respondeu-me uma pergunta que não escutou e em espanhol. São coisas que não se pode explicar de maneira racional”, indicou.

“Eu era muito céptico porque recebemos uma educação muito racional, mas praticando me convenci. E acredito plenamente nessas coisas, o que acontece é que tenho que discernir, porque também há pessoas que não estão bem e eu lhes digo para ir ao psiquiatra”, assegurou.

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