Dom Charles Scicluna, Arcebispo de Malta e Presidente do Colégio para o exame de recursos em matéria de delitos graves da Sessão Ordinária da Congregação para a Doutrina da Fé, chegou ao Chile para se reunir com pessoas que manifestaram ter provas do suposto encobrimento de abusos por parte do Bispo de Osorno, Dom Juan Barros.

O Prelado chegou a Santiago na manhã de segunda-feira, 19 de fevereiro, a pedido do Papa Francisco, e ouvirá testemunhas entre terça-feira, 20, e sexta-feira, 23, segundo informações do Escritório de Imprensa da Conferência Episcopal do Chile.

A audiência será realizada na Nunciatura Apostólica no Chile, localizada no bairro da Providencia, e pedem às pessoas que queiram ter uma audiência para que enviem previamente um relato por escrito, contando detalhadamente os elementos que querem apresentar.

“Os documentos serão entregues, de forma privada, a Dom Scicluna”, informaram.

A CECh assinalou que, “a fim de garantir a participação das pessoas em um ambiente de respeito e confiança, alguns pediram que se mantenha o sigilo de suas identidades”.

Como assinalou o episcopado, o pedido do Pontífice a Dom Scicluna “demonstra que a viagem do Papa ao Chile, além das suas luminosas mensagens e homilias, significou para ele uma atitude de verdadeira escuta e proximidade à realidade e aos desafios da sociedade chilena e da Igreja”.

“Agradece-se especialmente a disponibilidade de todas as pessoas que se encontrarão com Dom Scicluna para apresentar seus testemunhos e todas as pessoas que se declararam livremente disponíveis a dar as suas opiniões”, concluiu o comunicado.

Dom Barros é acusado de encobrir os casos de abusos sexuais perpetrados pelo Pe. Fernando Karadima; entretanto, o Prelado sempre se declarou inocente.

Em 18 de janeiro, antes de celebrar a Missa em Iquique (Chile), o Papa Francisco respondeu à imprensa sobre essas acusações e disse: “No dia que me trouxerem uma prova contra Dom Juan Barros, eu vou falar a respeito. Não há nenhuma prova contra ele. Tudo é calúnia. Está claro?”.

Entretanto, em 22 de janeiro, durante a viagem que o levou de Lima a Roma, o Pontífice reconheceu que a palavra “prova” gerou confusão.

“A palavra ‘prova’ é a que me traiu e gerou confusão. Eu falaria de evidências. E claro, então eu sei que há muitas pessoas abusadas e que não podem trazer uma prova, não a têm. E que não podem, ou às vezes a têm, mas têm vergonha, que cobrem e sofrem em silêncio”, indicou durante a coletiva de imprensa no avião papal.

“Barros vai ficar lá se não encontro o modo de condená-lo. Não posso condená-lo se não tenho evidências. E há muitos modos de obter uma evidência”, concluiu sobre o assunto.

Em 30 de janeiro, a Santa Sé anunciou a decisão do Pontífice de enviar Dom Scicluna para “ouvir as pessoas que manifestaram o desejo de submeter elementos que possuem” em relação a Dom Barros.

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