Muitas pessoas estão se preparando para aproveitar o Carnaval na próxima semana, alguns já até começaram a cair na folia. Mas, diante dessa festa tão popular no Brasil, fica a pergunta: um católico “pode ir para as ruas e extravasar sua alegria como um grande folião”?

Em um artigo enviado à ACI Digital, André Parreira, membro do Instituto Nacional da Pastoral Familiar e da Família da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e autor de livros sobre matrimônio e família, buscou responder esta questão.

Segundo ele, “a resposta pode começar com outra pergunta: alguém poderia dizer que o os blocos, desfiles e bailes de Carnaval não são ambientes propícios ao pecado, com tanto álcool, nudez e erotização? As modas das mini-roupas (as bermudinhas viraram o traje oficial!) e fantasias minúsculas ou de caráter sexual refletem o pudor daqueles que tem consciência de que são templo do Espírito Santo?”.

“Até mesmo as marchinhas já são um risco, pois embora muitas sejam interessantes e divertidas, boa quantidade delas carrega grande erotização”, pontua.

Parreira confessa que já participou do Carnaval, “mas há muitos anos” não acompanha “nem mesmo pela televisão”. “E esta (anti)cultura não será transmitida por minha esposa e por mim aos nossos filhos. Aqui em casa não entra nem as músicas de Carnaval”.

Explica esta decisão não foi tomada apenas por “questão de gostar ou não, nem mesmo se trata de alienação. Mas é questão de acertar nossa caminhada para os caminhos que se afeiçoam mais com o Senhor”.

“Sei que vou desagradar a muita gente católica que tem paixão pelo Carnaval, espera ansiosamente pela data e dispara contra qualquer um que queira levantar a questão”, admite e, em seguida, apresenta como alguns santos aconselharam sobre esta festa.

“Por exemplo, Santo Afonso Maria de Ligório diz que a fuga das ocasiões de pecado é grande dever em nosso caminho de crescimento espiritual”, ou ainda Santa Faustina, que “relata o sofrimento do coração de Jesus nos dias de Carnaval”.

Por sua vez, “São João Maria Vianey dizia que o anjo da guarda ficava do lado de fora dos salões de baile e que algumas danças são a ‘corda com que o demônio arrasta mais almas para o inferno’”.

Parreira cita ainda “São Carlos Borromeu que jamais podia compreender ‘como os cristãos podiam conservar este perniciosíssimo costume do paganismo’”.

“Se estes santos diziam isso com base no Carnaval de seus tempos, o que diriam se conhecessem as festividades de hoje?”, questiona-se.

E, para ser mais atual, André Parreira apresenta uma reflexão sobre este tema feita por Dom Henrique Soares, Bispo de Palmares (PE):

“Devemos, então, rejeitar em bloco o Carnaval atual? A resposta pronta não existe! Se um cristão julga poder brincar o carnavalzão do mundo sem cometer excessos, sem dar azo à imoralidade, sem a dispersão interior violenta que nos tira da presença de Deus e da realidade, então brinque em paz! Eu duvido muito que isto seja possível, mas é preciso respeitar a consciência de cada um!”, afirma o Prelado.

E, como “pastor da Igreja”, sugere “que os cristãos deem preferência a brincar o Carnaval em grupos de cristãos, de modo puro, sereno, inocente, fraterno, com toda alegria que nasce de um coração que sabe o sentido verdadeiro da existência”.

Finalmente, André Parreira conclui que a resposta para a pergunta se o católico pode participar do Carnaval é uma “individual”. “A liberdade é um presente que Deus nunca vai nos tirar”.

Confira também: