Durante a cerimônia de apresentação de cumprimentos de ano novo do corpo diplomático acreditado em Portugal ao presidente Marcelo Rebelo de Sousa, o Núncio Apostólico, Dom Rino Passigato, recordou o “bom e mau tempo” vivido pelo país em 2017.

Segundo o Prelado, no ano passou, Portugal viveu um período positivo, de “alegria”, durante o qual ocorreu a visita do Papa Francisco a Fátima para a comemoração do centenário das aparições da Virgem Maria na Cova da Iria e para a canonização dos pastorinhos Jacinta e Francisco Marto.

Porém, lembrou que o país também teve que enfrentar tragédias que marcaram este ano, como os “grandes incêndios” de junho e outubro, que deixaram centenas de vítimas, “uma catástrofe nacional que enlutou Portugal como nunca tinha acontecido antes”.

“Seja-nos permitido, senhor presidente, renovarmos aqui as expressões mais sentidas de simpatia, proximidade e solidariedade a todas as pessoas e famílias afetadas por essas inenarráveis tragédias”, expressou o Núncio e decano do corpo diplomático.

Dom Rino Passigato recordou ainda a queda de uma árvore junto ao Santuário de Nossa Senhora do Monte, no Funchal, que provocou várias mortes, em 15 de agosto de 2017, quando a comunidade local celebrava a festa da padroeira.

Frente a esses casos, o Núncio se dirigiu ao presidente Marcelo Rebelo de Sousa para expressar “sentimentos de admiração sincera pelo exemplo de proximidade e afeto para com o seu povo, em todo momento, mas especialmente nas situações de maior dificuldade e sofrimento”.

Dom Passigato também lançou um olhar sobre a comunidade internacional, assinalando que em 2018 se recordará o centenário do fim da Primeira Guerra Mundial e os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

“Somos convidados a tomar consciência das nefastas consequências dos numerosos conflitos armados que semeiam destruição, morte, miséria e fome em muitas partes do planeta e a denunciar o criminoso tráfico de armas que as alimenta”, exortou.

O Prelado também denunciou que “a comunidade internacional tem dificuldade em conseguir 37 bilhões de dólares para resolver o problema da fome no mundo, mas gasta anualmente 740 bilhões de dólares em armamento”.

Por isso, declarou que a comunidade internacional tem “o dever de parar o escandaloso e profundamente imoral comercia de armas”, o qual alimenta “demasiadas situações de guerra e instabilidade”.

Além disso, recordou as vítimas de ataques terroristas e perseguições por motivos políticos, ideológicos ou religiosos e alertou sobre a “inquietação” gerada pelas “tensões nos territórios da Terra Santa”.

Quanto à presença de Portugal na política externa, analisou que o país “soube se relacionar com as demais nações do mundo avaliando as situações delicadas e sensíveis, mostrando-se como país de paz e de acolhimento, com vocação de abertura ao diálogo com países muito diversos, capaz de ouvir outras vozes e de facilitar o entendimento entre todos”.

“Nós, os representantes da comunidade internacional, congratulamo-nos com Portugal, felizes por poder contribuir com a nossa presença no seu crescimento e prestígio no seio da comunidade das nações”, completou.

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