O governo do Peru deixará de aplicar o currículo escolar com noções de ideologia de gênero, promulgadas no final do ano passado.

Em uma publicação realizada em 24 de novembro no jornal oficial ‘El Peruano’, o Ministério da Educação do Peru estabeleceu para 2018, a aplicação do “Desenho Curricular Nacional 2009”, no qual não estão incluídas as noções de ideologia de gênero incorporadas em 2016.

O anúncio do Ministério da Educação foi celebrado como uma “nova vitória para os pais de família” pelo grupo #ConMisHijosNoTeMetas (Não se meta com os meus filhos), que organizou uma marcha com mais de um milhão e meio de pessoas em todo o país em março de 2017, a fim de rechaçar a ideologia do gênero.

O Currículo Nacional da Educação Básica 2017 foi aprovado pelo Ministério da Educação no final de 2016, em meio a várias críticas, dos pais de família, professores, da Igreja Católica, assim como das diversas comunidades cristãs e evangélicas do país.

Em um comunicado divulgado no início deste ano, a Conferência Episcopal Peruana (CEP) criticou que o Ministério da Educação “tenha incluído neste instrumento normativo de caráter inferior, noções que não provem da Constituição, mas sim da ideologia de gênero”.

"O Papa Francisco advertiu que a ideologia do gênero nega a diferença e a reciprocidade natural do homem e da mulher", recordaram os bispos.

Em agosto deste ano, o Poder Judiciário deu razão ao grupo de pais de alunos chamado ‘Padres en Acción’ em um processo contra o Ministério da Educação, para evitar o doutrinamento das crianças nas escolas.

Em declarações ao Grupo ACI, Sergio Burga, pesquisador do Escritório do Instituto de Pesquisa de População da América Latina, descreveu a medida do Ministério da Educação como “uma grande vitória para milhares de pais de família representados pelo grupo #ConMisHijosNoTeMetas".

Burga assinalou que ao não usarem o currículo promulgado no final de 2016, “eliminaram expressões perniciosas como ‘construir a tua identidade’ e ‘identidade de gênero’, e inclusive que ‘o masculino e o feminino são construídos dia-a-dia”.

Entretanto, advertiu que o currículo escolar de 2009 mantém o uso do “termo ‘gênero’” e por isso é necessário “esclarecer se essas expressões conservam o conteúdo ideológico que deve ser descartado ou simplesmente é uma forma de referir-se aos dois sexos”.

Para Burga, "a luta" em defesa da família junto ao Ministério de Educação "continua".

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