Os Bispos angolanos exortaram os partidos políticos e coligações a aceitar “com serenidade e responsabilidade” os resultados da eleição do último dia 23 de agosto, bem como instou a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) a publicar tais resultados com a máxima transparência.

A declaração foi feita por meio de uma nota pastoral da Conferência Episcopal de Angola e São Tomé (CEAST), lida pelo seu porta-voz, Dom José Manuel Imbamba, durante coletiva de imprensa nesta quarta-feira.

No texto, os Bispos fazem um apelo para que os políticos respeitem os resultados, “primando pelo convívio da vontade do povo expressa nas urnas e aceitando com serenidade e responsabilidade o veredito final”.

A eleição do dia 23 de agosto na Angola marcou o fim de quase 40 anos do governo do presidente José Eduardo dos Santos. Dois dias depois, em 25 de agosto, a Comissão Nacional Eleitoral (CNE) divulgou a vitória do Movimento Popular de Libertação Angola (MPLA) e a eleição de João Lourenço como novo presidente, com uma liderança de 61,10%, tendo sido escrutinados 97,82% do total de votos.

Após este anúncio, cresceu no país, especialmente na capital Luanda, uma onde de contestação por parte dos partidos de oposição, os quais negam os resultados até aqui divulgados pela CNE.

Em sua nota pastoral, conforme assinala a agência Angola Press, os Bispos angolanos pedem que as formações políticas do país apostem “no diálogo sincero, fecundo e construtivo, utilizando os instrumentos legais para se dissipar possíveis equívocos e buscando, acima de tudo, o bem da nação, assente na justiça, na paz e na verdade”.

“Os olhos dos angolanos e dos amigos de Angola estão virados para a Comissão Nacional Eleitoral (CNE), a quem cabe o peso da responsabilidade de gerir e publicar, com máxima transparência e nos termos da lei, tudo quanto os eleitores exprimiram nas urnas”, afirmam os Prelados.

Para a CEAST, “é preciso que tudo se faça sem margens para dúvidas, munindo-se unicamente com as armas da verdade, justiça, transparência e do diálogo inclusivo entre as partes em jogo”.

“Para tal – defendem –, o povo fez a sua parte e fê-la muito bem, o mesmo augura-se para a CNE”.

Quando aos “futuros governantes que saírem da vontade expressa nas urnas”, os Bispos pendem que “trabalhem pelo bem de todos os angolanos, independentemente das suas cores partidárias, colocando o acento tônico não na militância partidária, mas sobretudo na cidadania e no patriotismo”.

Além disso, fazem referência à oposição, encorajando-a a “ser forte e que obrigue a quem governe que dê o seu melhor em prol do bem-estar de todos”.

Em seguida, os Prelado se dirigem a ambos, governo e oposição, solicitando que desempenhem “uma função nobre e necessária ao bem-estar do país, devendo servi-lo através de uma atitude de diálogo construtivo, o mais consensual possível, particularmente sensível e atento às necessidades dos membros mais vulneráveis da sociedade”.

Por fim, a CEAST solicita a pacificação dos ânimos, “para não se criar um ambiente de medo, mas sim um ambiente de paz”.

Neste sentido, ressalta a importância da atuação dos meios de comunicação social, pedindo que não sejam transformados em instrumentos de instigação e propagação do terror, do medo, da insegurança, da desordem, da divisão e da difamação gratuita.

Confira também: