A Cáritas Diocesana de Coimbra (Portugal) está promovendo um projeto que vem gerando controvérsia por abordar “questões de gênero com o objetivo de operacionalizar uma mudança de atitudes e comportamentos individuais e coletivos na sociedade”.

O projeto (Des)Igual, conforme indica o site da Cáritas Diocesana de Coimbra, foi “aprovado no âmbito do Programa Operacional Inclusão Social e Emprego, enquadrado na Tipologia de Operação 3.16 que garante ‘apoio financeiro e técnico a organizações da sociedade civil sem fins lucrativos que atuam no âmbito da promoção da igualdade de gênero e da prevenção e combate à violência doméstica e de gênero e ao tráfico de seres humanos’”.

“Prevê a promoção da luta contra todas as formas de discriminação e da igualdade de oportunidades e o combate às discriminações e aos estereótipos”, acrescenta.

De acordo com a entidade, no projeto serão desenvolvidas “atividades informativas para crianças, adolescentes, jovens e pais/educadores, no âmbito da contextualização do conceito de gênero, violência de gênero e namoro e harmonização dos papéis de gênero”.

Nessas atividades insere-se um encontro que acontecerá no dia 7 de setembro, no Centro Cultural de Ferreira do Zêzere, sobre a temática ‘Diversidade ou igualdade?’, “enquadrando a prevenção, a escola e a família como elementos importantes para uma reflexão alargada”.

A ACI Digital buscou contato com a Diocese de Coimbra para se pronunciar sobre o projeto, mas até o fechamento desta matéria não obteve resposta.

O que diz a Igreja em Portugal sobre a ideologia de gênero?

A Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) publicou em novembro de 2013 o a carta pastoral ‘A propósito da ideologia de gênero’, na qual assinalou que tal ideologia “opõe-se radicalmente à visão bíblica e cristã da pessoa e da sexualidade humanas”.

Este documento foi recordado no ano passado pelo presidente da CEP e Patriarca de Lisboa, Cardeal Manuel Clemente durante a abertura da 190ª Assembleia Plenária da Conferência, quando citou palavras do Papa Francisco para expressar que a “teoria do gender” é “um inimigo atual do casamento”.

Segundo a extensa carta pastoral dos bispos portugueses sobre o assunto, “a ideologia do gênero não só contrasta com a visão bíblica e cristã, mas também com a verdade da pessoa e da sua vocação. Prejudica a realização pessoal e, a médio prazo, defrauda a sociedade. Não exprime a verdade da pessoa, mas distorce-a ideologicamente”.

Este documento elaborado em 2013 foi resumido durante o comunicado final da assembleia plenária da CEP naquele mesmo ano, disponível no site da entidade.

Na ocasião, os bispos ressaltaram que entre “os principais campos em que se tem feito notar a ideologia de gênero” está a “promoção de alternativas à linguagem comum: em vez de sexo (algo de básico, identificador da pessoa) fala?se em gênero (construção cultural e psicológica de uma identidade); em vez de igualdade entre homem e mulher, referem a igualdade de gênero; a família é substituída por famílias”.

Além disso, com esta teoria, há a “redefinição do casamento, podendo ser entre pessoas do mesmo sexo, com a respectiva legalização da adoção de filhos por casais homossexuais e o recurso de pessoas sós à procriação artificial”.

Nas escolas e centros de ensino, por sua vez, pontuaram que ocorre a “doutrinação da ideologia de gênero através do ensino”.

Entretanto, recordaram os Prelados, “importa ter presente o primado do direito dos pais e mães quanto à educação dos seus filhos, que não pertence ao Estado, como recorda a Constituição Portuguesa”.

Por fim, sintetizaram os Bispos neste comunicado, “todo o documento (carta pastoral ‘A propósito da ideologia de gênero) é uma afirmação de princípios sobre a verdade do amor humano”.

“Alertando para os perigos da ideologia de gênero e inspirada pela visão cristã da sexualidade, esta carta pastoral recorda princípios baseados no realismo inalienável da nossa matriz antropológica, como homens e mulheres”, completam.

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