VATICANO, 24 de ago de 2017 às 14:00
O Patriarca de Moscou, Kirill, recebeu o Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, na sede do Patriarcado local em um encontro no qual conversaram sobre alguns temas como as relações ecumênicas entre a Igreja Ortodoxa Russa e a Igreja Católica, a guerra na Ucrânia e o conflito no Oriente Médio.
A conversa entre eles se centrou inicialmente na situação da Ucrânia, que sofre há alguns anos uma guerra civil em que a Rússia e as potências da OTAN exerceram a sua influência.
O Secretário de Estado do Vaticano enfatizou que “as igrejas locais devem mostrar seu potencial pacificador e contribuir com todos os meios disponíveis para restabelecer a paz e a harmonia entre os civis do país”.
Kirill, por sua parte, recordou que “a igreja não pode desempenhar qualquer papel que não seja o da pacificação, pois as pessoas estão em conflito entre elas. Valorizamos muito o fato de que nesta ocasião também encontramos uma compreensão recíproca do papel que as nossas Igrejas devem desempenhar a favor da reconciliação da população na Ucrânia”.
Na conversa também abordaram a questão da paz no Oriente Médio. O Cardeal Parolin sublinhou que a angústia dos cristãos e de outras minorias religiosas na região “deve remover a consciência da comunidade internacional e incitar as igrejas a melhorar a situação humanitária”.
O Patriarca Kirill comentou que “a colaboração entre a Igreja Ortodoxa e a Igreja Católica na ajuda humanitária às pessoas que sofrem devido aos conflitos no Oriente Médio pode ser um importante tema de união”.
Do mesmo modo, durante o encontro, o Patriarca Kirill destacou como “um evento excepcional para a história de nossas Igrejas” o translado das relíquias de São Nicolau de Bari da Itália para a Rússia.
Os restos deste santo padroeiro da Rússia, Grécia e Turquia foram venerados entre os dias 21 de maio e 28 de julho em Moscou e em São Petersburgo, antes de voltar à cidade de Bari, na Itália, onde permanecem guardados.
De acordo com o Patriarca russo, durante esse período, mais de 2 milhões e 300 mil fiéis veneraram as relíquias. Por sua parte, o Secretário de Estado da Santa Sé valorizou muito a presença dos restos de São Nicolau de Bari e destacou este acontecimento no contexto das boas relações entre ortodoxos e católicos.
O Cardeal Parolin assinalou que “o ecumenismo da santidade é verdadeiro, existe. Os santos nos unem porque estão mais próximos de Deus e, portanto, eles nos ajudam a superar as dificuldades das relações passadas devido às situações anteriores e a caminhar sempre de maneira mais firme ao abraço fraterno e à comunhão eucarística”.
A respeito das relações ecumênicas, o Purpurado destacou a nova etapa que começou nas relações entre a Igreja Ortodoxa Russa e a Igreja Católica a partir do encontro do Papa Francisco e do Patriarca Kirill em Cuba em fevereiro de 2016.
Para o Secretário de Estado, a presença das relíquias de São Nicolau de Bari na Rússia “aceleraram o progresso nas nossas relações”.
“Estou contente de ver a importância deste evento, da sua recepção na Igreja Ortodoxa Russa. Estou feliz de ver os resultados. Podemos dizer que um dos resultados obtidos pelas relíquias é o estabelecimento de um novo ambiente que nos ajuda a compartilhar e avançar”, afirmou.
O Cardeal Pietro Parolin também transmitiu ao Patriarca Kirill a saudação pessoal do Papa Francisco: “Saúda o meu irmão Kirill, Patriarca de Moscou e de todas as Rússias”. O Patriarca agradeceu o gesto em italiano: “grazie”.
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— ACI Digital (@acidigital) 24 de agosto de 2017