Em fevereiro deste ano, foi divulgado que o Papa Francisco escreveu o prólogo de um livro no qual pediu perdão pela “monstruosidade” dos abusos sexuais perpetrados por alguns sacerdotes na Igreja, uma notícia começou a circular nesses dias devido à publicação do texto em alemão.

O Pontífice escreveu o prólogo do livro “Perdoo-lhe, padre”, do francês Daniel Pittet, o qual conheceu em 2015 e foi vítima de abusos sexuais cometidos pelo sacerdote Joël Allaz.

Pittet, de 57 anos e pai de seis filhos, sofreu abusos sexuais entre 1968 e 1972, quando tinha entre 9 e 13 anos. No total, Allaz havia abusado de aproximadamente 24 menores entre 1958 e 1995, tanto na Suíça como na França.

Em novembro de 2016, Daniel entrevistou o seu abusador. Apesar de ter sofrido abuso sexual do sacerdote, este pai de família manteve firme a sua fé católica.

No prólogo, publicado integramente em espanhol no dia 13 de fevereiro deste ano, o Santo Padre se questionou: “Como é que um padre a serviço de Cristo e da sua Igreja pode infligir tanto mal? Como é que alguém que dedicou toda a sua vida para conduzir as crianças até Deus acaba, ao invés, por devorá-las naquilo a que chamei um ‘sacrifício diabólico’ que destrói tanto a vítima como a vida da Igreja?”.

“Algumas das vítimas acabam por se suicidar. Estas mortes pesam no coração e na consciência, minha e de toda a Igreja. Às suas famílias ofereço os meus sentimentos de amor e de dor e peço, humildemente, perdão”.

O abuso sexual, recordou Francisco, “é uma absoluta monstruosidade, um pecado horrível, radicalmente contra tudo o que Cristo nos ensina”.

O Santo Padre também salientou que “temos afirmado que é nosso dever ser extremamente rigorosos com os padres que traem a sua missão e com a hierarquia, bispos ou cardeais que os protejam, como já aconteceu no passado”.

O Papa indicou então que, “na sua adversidade, Daniel Pittet encontrou também outra face da Igreja e isso permitiu-lhe não perder a esperança nos homens e em Deus”.

“Fala-nos também do poder da oração que jamais abandonou e que o tem confortado nas horas mais escuras”, disse.

Daniel, assinalou o Papa, “optou por se encontrar com o seu atormentador 44 anos mais tarde, para olhar nos olhos daquele que o feriu até à profundeza da sua alma. Estendeu-lhe a mão”.

O Papa expressou a sua gratidão a Daniel, “porque os testemunhos como o dele deitam abaixo o muro de silêncio que tem coberto os escândalos e o sofrimento, lançando luz sobre uma área obscura e terrível da vida da Igreja”.

“Rezo pelo Daniel e por todos os que, como ele, viram a sua inocência ferida, que Deus os eleve e os cure, e que nos dê a todos o seu perdão e a sua misericórdia”, concluiu o Pontífice.

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