Portugal continua enfrentando grandes incêndios em seu território e um patrimônio histórico foi consumido pelas chamas, o antigo colégio São Fiel, dos jesuítas, que data da segunda metade do século XIX.

O colégio São Fiel está localizado na aldeia de Louriçal do Campo, no concelho de Castelo Branco. Atualmente, estava desativado e fazia parte do Programa Revive, um projeto lançado pelos ministérios das Finanças, Cultura e Economia, que prevê a concessão a iniciativas privadas de imóveis históricos degradados, a fim de estes serem restaurados.

De acordo com que o presidente da Câmara de Castelo Branco, Luís Correia, relatou ao site ‘Diário de Notícias’, o edifício “ardeu em sua totalidade”.

Era um patrimônio “importante” para a localidade e “que marcou a sua história”, sublinhou Correia, ressaltando que o fato de o edifício ter sido consumido pelas chamas “poderá complicar” o processo de recuperação do colégio, através do programa Revive.

Segundo o site do programa Revive, o colégio continha “importantes laboratórios e equipamentos de ensino” e possuía “um observatório meteorológico que funcionou até 1910, um museu zoológico e um valioso herbário”.

O presidente da Comissão da Pastoral da Cultura da Diocese da Guarda, Padre José Júlio Pinheiro, lamentou em uma entrevista à agência Ecclesia, do episcopado português, a perda de “um marco” do patrimônio religioso do país e da tradição da Igreja Católica, que “durante muito tempo substituiu o Estado” na missão de formar populações, sobretudo as mais carentes.

Ele recordou ainda que o Colégio São Fiel “tornou-se célebre” por ter sido frequentado por personalidades como António Egas Moniz, primeiro Prêmio Nobel português, na área da medicina.

Sublinhou ainda que foi neste colégio que nasceu a revista ‘Brotéri’, em 1902, a qual se tornou referência da Companhia de Jesus, no que diz respeito à sua missão ao serviço da cultura e da ciência.

“Era um colégio célebre pelas ciências, muito voltado para a Biologia, quando ainda não se falava do saber de experiência feito, tinham muito ligada à parte teórica a vertente da descoberta”, contou.

“É mais um marco que desaparece por incúria primeiro dos homens, porque há muito tempo que estava abandonado, e depois por esta falta de visão do cultural, sobretudo nesta zona do interior”, lamentou.

Segundo a Agência Ecclesia, o colégio São Fiel estendeu suas atividades entre 1863 e 1910, quando foi extinto devido à confiscação dos bens da Igreja Católica após a implantação da República.

Chegou a funcionar como reformatório para crianças e adolescentes confiados à guarda do Estado, até ser definitivamente desativado.

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