Quando soube do incêndio que atingiu Pedrógão Grande, em Portugal, o pároco da região, Padre Júlio Santos, tinha apenas um desejo naquele momento: “contatar com os meus paroquianos, saber como eles estavam”.

O sacerdote estava em um retiro em Leiria quando recebeu a notícia do incêndio que começou no sábado e, até o momento, já causou 64 mortes e deixou 62 feridos. Assim que soube do ocorrido, telefonou para padres vizinhos para lhes pedir que fossem até Pedrógão Grande para ver como estava a situação.

Entretanto, relatou o pároco ao site ‘Observador’, “eles também não conseguiram vir, porque estavam as estradas todas cortadas” devido ao fogo que se alastrou.

A solução encontrada por Pe. Júlio foi buscar outro caminho para chegar a Pedrógão Grande na tarde de domingo, dando “uma grande volta por Ferreira do Zêzere, que passado pouco tempo também já estava a arder”.

“Há sentimentos que não se descrevem. O meu desejo naquele momento era contatar com os meus paroquianos, saber como eles estavam. Não tínhamos contato com ninguém, não havia comunicações”, recordou.

Ao chegar, o sacerdote logo começou a visitar os locais onde era possível ir. “Tenta-se fazer o melhor possível, tenta-se estar ao pé das pessoas. Era isso que Jesus Cristo faria e é isso que o padre que aqui está tem que fazer”, expressou.

Pe. Júlio é pároco das freguesias de Pedrógão Grande, Vila Facaia e Graça, onde estão as aldeias mais afetadas pelo incêndio e estima ter perdido mais de 30 paroquianos por causa do fogo.

Desde que chegou, anda pelas pequenas aldeias para visitar as pessoas. Na segunda-feira, o Bispo de Coimbra, Virgílio do Nascimento Antunes também visitou o local para ter contato pessoalmente com os atingidos, “dizer-lhes que estejam atentos uns aos outros e que nos digam do que precisam”.

Sobre a atenção dada às pessoas, o sacerdote sublinha que, neste momento, o que elas “precisam é de afeto, não é de palavras. Estão isoladas. Quando lá vou, abraçam-me a chorar”.

“Precisam, neste momento, de apoio moral, de alento, de saber que há pessoas a quem podem recorrer”, afirmou.

Preparação para os funerais

De acordo com Pe. Júlio Santos, os corpos das vítimas que morreram carbonizadas e que foram levados para Coimbra devem ser liberados até sexta-feira. A paróquia irá organizar uma celebração conjunta no fim de semana, para “dar a solenidade devida a esta gente que morreu”.

A celebração deverá ser presidida pelo Bispo de Coimbra, Dom Virgílio Antunes. “Depois, em princípio, serão organizados os respetivos funerais. Ou eu ou um colega vizinho iremos acompanhar todos os corpos para os cemitérios. Alguns ficarão aqui no cemitério de Pedrógão Grande, mas a maior parte irá para a Graça e Vila Facaia, que foi onde morreu aquela gente toda”, indicou.

Quanto às vítimas que faleceram nos hospitais após ficarem feridas, o sacerdote disse que os funerais já estão sendo feitos, sublinhando que “vão ter que vir outros padres para ajudar”.

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