O presidente da Pontifícia Academia para a Vida (PAV) no Vaticano, o Arcebispo italiano Vincenzo Paglia, recordou que esta instituição tem como fim primordial defender a vida desde a concepção até a morte natural e, portanto, é contrária a qualquer prática abortiva.

Em declarações ao ‘Vatican Insider’, o Prelado fez esta precisão depois da nomeação, como novo integrante da PAV, do teólogo moralista inglês Nigel Biggar, que no ano de 2012 publicou o artigo “Por que a religião merece um lugar na medicina secular”, no qual assinalou que “não é certo que todos os abortos sejam equivalentes ao assassinato”.

Em maio de 2013, em entrevista a David Edmund da BBC, Biggar disse: “Não acredito que o infanticídio deva ser permitido, mas sim o aborto até certo ponto”.

Ao ser perguntado sobre o limite para a prática do aborto, o professo de teologia moral em Oxford assinalou: “Acredito que até 18 semanas após a concepção. Por que até a 18ª semana? Simplesmente porque nesse momento a atividade cerebral se faz evidente e, portanto, ali começa a consciência”.

Sobre a escolha de Biggar, Dom Vincenzo Paglia explicou que sua candidatura foi “avançada diretamente pelo primaz da Igreja Anglicana, o arcebispo da Cantuária, Justin Welby, a quem se pediu nos últimos meses que assinalasse um representante seu”.

A posição de Biggar, disse o Arcebispo, “não é nem minha posição pessoal nem a da Academia. Mas, devo acrescentar que Biggar, a quem contatamos de novo nesses dias, não só não publicou nada sobre o tema do aborto – sua especialização é de fato sobre temas do fim da vida, no qual tem uma posição absolutamente coincidente com a católica –, mas que assegurou inclusive que não tem intenção de entrar no futuro no debate sobre este tema”.

Dom Paglia precisou que não conhecia a frase de Biggar de alguns anos atrás, “mas gostaria de repetir que Biggar não escreveu nada sobre o tema do aborto”.

O Prelado explicou que a rejeição ao aborto continua imutável: “Seria uma loucura só pensar em uma mudança. A Pontifícia Academia para a Vida recorda o novo estatuto assinado pelo Papa Francisco, tem como fim ‘a defesa e a promoção do valor da vida humana e da dignidade da pessoa’ através do estudo, da formação e da informação'”.

“Nós, portanto, estamos a serviço e em defesa da vida desde o primeiro instante de sua concepção até o último suspiro. Nada nem ninguém fará mudar esta clara orientação. Em todo caso, iremos onde for para convencer o maior número possível”.

“Nesse sentido – continuou – também a Academia é chamada ‘a sair’. Obviamente, sem diminuir em nada a preciosa herança que possui. Estaremos sempre, quero repetir mais uma vez, contra qualquer prática abortiva. E queremos envolver sempre mais pessoas nesta batalha”, prosseguiu o Arcebispo.

Sobre os 45 nomeados para a PAV no último dia 13 de junho, Dom Paglia disse que são todos “excelentes cientistas que provêm de 25 países do mundo e que representam, no maior grau possível, as diferentes disciplinas que hoje devem convergir para criar uma cultura da vida que responsa aos grandes desafios de um mundo globalizado, hiper-tecnológico e marcado por insustentáveis desigualdades”.

O presidente da PAV explicou também que daqui a algumas semanas serão divulgados os demais membros desta instituição e que, assim, já poderão começar seus trabalhos, entre os quais destacam a assembleia plenária que acontecerá de 5 a 7 de outubro em Roma, sobre o tema “Acompanhar a vida. Novas responsabilidade na era tecnológica”.

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