A Conferência Episcopal Venezuelana (CEV) afirmou que “o caminho eleitoral” é o caminho para começar a resolver a crise no país e encorajou as pessoas “a seguir expressando suas opiniões pacificamente”.

Os bispos venezuelanos fizeram este apelo na sua exortação pastoral publicada na sexta-feira no final da Assembleia Extraordinária, convocada para analisar a forte crise social, humanitária e política que o país sofre.

“O povo é o verdadeiro sujeito social da democracia. Acreditamos que uma forma privilegiada e indispensável para realizar o seu exercício democrático é o caminho eleitoral, segundo prevê a Constituição Nacional. Só assim começará a resolver a crise do país, conforme expressou o Cardeal Pietro Parolin em 13 de maio em Fátima”, afirmou a CEV.

Os bispos asseguraram que, com as eleições, “as pessoas poderão se manifestar livremente e decidir conscientemente o seu destino”.

Os bispos também reiteraram a sua “adesão, comunhão e obediência” ao Papa Francisco e reafirmaram a sua comunhão com o povo que está “se expressando nas ruas e em outras áreas da sociedade” para defender os seus direitos, “desrespeitados por aqueles que estão violando a Constituição”.

Em seu documento, a CEV denunciou que “a crise que vem atingindo a Venezuela piorou” e afirmou que a grande maioria da população rechaça “as insensatas decisões do Supremo Tribunal de Justiça” contra a Assembleia Nacional e a proposta do Presidente Nicolás Maduro de convocar uma Assembleia Constituinte que seja comunal, uma iniciativa desnecessária e “perigosa para a democracia”.

Os bispos assinalaram que na Venezuela “aumentou a fome”, a falta de remédios e aparecem doenças “devido à desnutrição e à falta de saúde”. “Sobretudo, os mais pobres são os mais afetados”, advertiu.

Além disso, há um aumento da violência, saques e confrontos, assim como uma repressão “cada vez mais dura” contra os manifestantes dos “protestos civis, muitos deles são jovens”. A isso se somam “os grupos paramilitares (conhecidos como ‘coletivos’) que intensificaram a sua ação violenta e ilegal”. “Começamos a vislumbrar a tentação de um confronto entre irmãos”, alertaram.

Em relação a este tema, os bispos recordaram às Forças Armadas e à Polícia o dever de assegurar “a convivência saudável entre os venezuelanos”. “Apelamos à consciência daqueles que a dirigem, diante das numerosas mortes de cidadãos causadas por abusos de autoridade em ações repressivas. A responsabilidade moral dos atos que provocam a violência, feridos e mortes recai sobre quem as executa , como também sobre aqueles que as ordenam ou permitem”, expressaram.

A CEV assinalou que este cenário provoca desânimo na população e incentiva os jovens a emigrar.

Nesse sentido, indicaram que a sociedade venezuelana está enfrentando desafios que “devemos assumir com decisão, amor e bom senso que brotam da fé”.

A primeira coisa é o “compromisso pela construção da paz entre todos, de acordo com o que o Evangelho nos ensina”, abrindo espaços de encontro e diálogo a fim de achar verdadeiras soluções; assim como praticar a “solidariedade fraterna” com aqueles que estão passando por mais necessidades, seguindo o exemplo dos primeiros cristãos.

Além disso, indicaram que, sem deixar de anunciar o Evangelho, a Igreja deve continuar advertindo os males que vão “contra a dignidade dos cidadãos e o que pretenda destruir a paz social”. Os fiéis devem “acompanhar a ação da Igreja com gestos de caridade fraterna e com a oração, alimentada pela Palavra e pela Eucaristia”, acrescentaram.

Os bispos afirmaram que “Deus escuta o clamor do seu povo” e que os pastores “receberam esta missão de anunciar a reconciliação”.

“Para chegar a acordos é necessário um diálogo com garantias seguras que atualmente não há. Em nossos documentos, os bispos assinalaram a reconciliação como uma tarefa permanente em meio a uma sociedade polarizada e cheia de divisões. Para isto, é necessária uma disposição sincera de conversão, para a qual é urgente que todos nós, sem exceção, mudemos de atitude”, indicaram.

Depois de agradecer a solidariedade dos Bispos da América Latina, os bispos recordaram aos católicos que devem guiar as suas ações com os critérios do Evangelho e convidaram a participar da “grande Jornada de Oração, Jejum e Solidariedade pela restauração da paz e pelo progresso da convivência entre os venezuelanos em 21 de maio”.

“Neste dia, todos os bispos, em comunhão com os nossos sacerdotes, diáconos, religiosos e leigos colocaremos novamente nas mãos de Jesus Cristo a proteção e o futuro do nosso país. Em nome do Senhor, nós os abençoamos e os colocamos sob a proteção materna de Maria da Venezuela, Nossa Senhora de Coromoto”, termina o documento.

Confira também:

Mais em