Juan Andrés Verde Gaudiano, conhecido como o “Gordo Verde” no Uruguai, é o ex-jogador da seleção juvenil de rugby que deixou o esporte, os seus estudos, a sua família e a sua noiva para se tornar sacerdote.

Na solenidade de São José (19 de março), Jorge Cuevas, da congregação salesiana, e Juan Andrés Verde receberam o diaconato das mãos do Arcebispo de Montevidéu, Cardeal Daniel Sturla, junto com o Bispo auxiliar, Dom Milton Tróccoli; o Inspetor dos Salesianos, Pe. Nestor Castell; outros sacerdotes, seminaristas familiares e amigos.

O carismático seminarista de 27 anos foi designado para a Paróquia Stella Maris, em Montevidéu, comunidade na qual a participação juvenil está crescendo.

Após a cerimônia de ordenação na Catedral de Montevideo, Verde expressou: “Estou muito agradecido a Deus, muito contente, grato à Igreja por este imenso dom que nos dá”.

“A todos os jovens que questionam a vocação, digo que ainda não começamos. E nada me deu tanta felicidade e alegria como isto, nem sequer um campo de rugby ao representar a celeste. Por isso, os convido a perguntar o que Deus quer para cada um de vocês e encontrar a resposta”, acrescentou.

Verde é o segundo de quatro irmãos de uma família católica. Sua grande paixão sempre foi o rugby. Carrasco Polo foi a sua primeira equipe e inclusive fez parte da seleção uruguaia.

Ele participou dos mundiais na Irlanda em 2007 e no Japão em 2009 e outros sul-americanos. Era um estudante de Veterinária na Faculdade de Teologia Monseñor Mariano Soler da Universidade de Montevidéu e esteve noivo durante três anos.

Para o “Gordo Verde”, tudo o que tinha na vida não era suficiente. “O fato de ter nascido em uma família católica me fez questionar muitas vezes a existência de Deus. Se Deus existe, onde está? Tudo estava muito bem com a fé dos meus pais, mas, qual é a minha fé?”, relatou à revista ‘Para ti’.

Aos 19 anos, esta preocupação o levou a se tornar um missionário por um ano no Instituto Paiva, obra da Congregação Salesiana em Sarandi del Yi. Por esta decisão, deixou de lado o mundial do Chile e entregou o dinheiro que havia conseguido com os seus amigos para esta viagem. Do mesmo modo, terminou com a sua namorada e deu de presente as suas queridas camisas de rugby.

“Deixei tudo: rugby, namorada, faculdade, dinheiro, amigos e fui a campo a uma obra salesiana, onde viviam 70 jovens filhos de trabalhadores rurais que aprendiam ofícios, pessoas muito simples”.

Verde explicou a ‘Montevideo Portal’ que o seu trabalho era servir em qualquer função. “Essa experiência me transformou completamente, houve um antes e um depois. Mas não foi mágico, foi um processo. Disse: ‘Bom, Deus, chega de tudo o que aprendi e o que me ensinaram os mais velhos, quero ver onde estás e o que tem a ver comigo. E se realmente estás’”.

“Quando voltei dessa experiência descobri que, entre aspas, Deus me devolveu muito mais do que eu tinha dado em camisetas, em tudo. Sentiu que foi o ano da minha vida que mais disfrutei, estava no campo a serviço de alguns sacerdotes que, por sua vez, estavam a serviço dos jovens”, acrescentou.

O recém-ordenado diácono confessou que o faz feliz “poder estar persente, quando as pessoas estão passando por momentos difíceis, com uma palavra de esperança. Que para mim não é uma palavra inventada, eu experimentei concretamente na minha vida a ação de Deus. Poder dizer para alguém que perdeu a esperança que ainda pode continuar lutando, que é possível, que isso não acabou aqui, que não está sozinho”.

O ex-jogador de rugby disse que tem “uma relação profunda” com Deus. “Falo com Ele, peço, escuto as suas respostas. Eu vejo as pegadas de Deus nas pessoas humildes, mas também na generosidade de pessoas que muitas vezes de forma anônima apoia heroica e silenciosamente a outras sem que as pessoas saibam. Eu admiro isso. Nesses detalhes vejo a mão de Deus”.

Também se referiu ao aborto e disse que compreendia “que há um drama por trás de cada situação e qualquer que seja a decisão de uma mulher, nunca deixarei de acompanhá-la e aconselhá-la. Eu sou a favor da vida e sempre vou lutar pela vida e estarei ao lado dos mais indefesos”.

Verde, que tem experiência em oficinas de rugby para menores infratores, expressou que o “Papa Francisco nos convida a ter olhos de Bom Pastor”.

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“Como sacerdote, em um futuro, terei que acompanhar tanto o assassinado como o assassino. É um grande desafio, porque atrás de cada um há uma história. É difícil, mas eu acho que a mudança é possível”, concluiu.

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