Causou um profundo pesar e suspeita no Uruguai o suposto “aborto espontâneo” que sofreu uma mulher, a qual uma juíza havia proibido de abortar depois de um recurso de amparo apresentado pelo pai do bebê que queria ter a criança.

A proibição do aborto decidida pela juíza Pura Concepción Book foi aplaudida por grupos pró-vida e estabeleceu um precedente na história do Uruguai, onde o aborto é despenalizado até as 12 semanas de gravidez.

A decisão foi divulgada quando a mulher estava na décima semana de gestação.

O advogado da mulher, Daniel Benavidez, disse ao jornal ‘El Pais’, que a sua cliente chegou a um centro de saúde com sintomas de perda. Os médicos realizaram um ultrassom e confirmaram que ela havia sofrido um aborto.

Por sua parte, o representante do pai, o advogado Federico Aguerri, disse ao mesmo jornal que o resultado “é muito estranho, é curioso. Se fosse promotor ou juiz ordenaria urgentemente realizar uma perícia”.

Aguerri disse que este acontecimento foi “muito doloroso para o pai” e anunciou que será apresentada uma denúncia penal contra a mulher que estará a cargo de outro profissional.

Em declarações ao Grupo ACI, o presidente da organização ‘Movidos por la Vida’ do Uruguai, Nicolás Portela, manifestou a sua intenção de “solicitar publicamente à Justiça que investigue o caso e que dissipe quaisquer suspeita de procedimentos ilegais, que constituíram graves delitos”.

“Não quero ser categórico a respeito da natureza destes acontecimentos, pois a menina foi muito exposta e o estresse poderia ter causado o aborto espontâneo, mas não posso deixar de considerar elementos pública e notoriamente que nos deixam com dúvidas”, sublinhou Portela.

Em primeiro lugar, advertiu que “o centro de saúde onde o aborto seria praticado estava interessado em realizá-lo, pois havia apelado a decisão da juíza” e “a própria menina trabalhava neste centro”.

Além disso, em 28 de fevereiro, a mulher declarou publicamente que “apresentaria supostas lesões no útero que a impediam continuar com a gravidez (informação que não dada oportunamente ao juiz)”.

Além disso, destacou a forte participação de “ONGs promotoras do aborto”, que “assessoraram a menina e se comunicando com ela, pressionando a Justiça” para autorizar o aborto.

Entretanto, além do campo jurídico, Portela assinalou que, como uma organização, estão à disposição da mãe, do pai e das suas famílias “para qualquer contribuição de contenção que podemos realizar nestes momentos difíceis”.

Segundo Portela, “acreditamos que este caso e os milhares que ocorrem no nosso país, evidenciam a solidão absoluta e vulnerabilidade que as nossas leis deixaram as mulheres grávidas e os seus companheiros” em situações críticas.

Por esta razão, ressaltou a urgência de uma “revisão da atual lei do aborto e aprovação de uma lei que crie um sistema integral de proteção social da maternidade”.

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