Há alguns anos, um sacerdote católico paquistanês organiza um campeonato de futebol inter-religioso como uma iniciativa para combater o ódio religioso que existe no país, onde os cristãos sofrem perseguição.

Segundo o site da Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN), o Pe. Emmanuel Parvez, sacerdote da Diocese de Faisalabad, há 15 anos teve a ideia de realizar este torneio e começou o campeonato em Kushpur, uma aldeia com uma maioria cristã localizada em Punjab. Atualmente, participam mais de 30 equipes de várias cidades do país.

O Pe. Parvez indicou que este torneio ajuda a "gerar um ambiente de paz e diálogo entre os jovens de diferentes religiões e promover a fraternidade e a tolerância em uma sociedade devastada pelo terrorismo".

Por sua parte, o proprietário do Clube de Futebol Samundri, Mohamed Shafiq, manifestou: "Quero estabelecer relações com as comunidades cristãs e esta é uma maneira bonita de fazê-lo”.

Shafiq, que é muçulmano, explicou que no Paquistão o futebol é considerado um esporte de segunda classe e os pobres são os que mais jogam. Entretanto, o "Pe. Emmanuel e eu compartilhamos o desejo de melhorar o nível do futebol" no país.

O Pe. Parvez também defende a liberdade religiosa dos cristãos. Em julho do ano passado, comentou à agência vaticana Fides que fazia isso porque os muçulmanos estavam fazendo mais denúncias sem fundamento aos fiéis seguidores de Jesus sob a lei de blasfêmia.

Naquela época, um cristão paquistanês identificado como James Nadeem, tinha sido preso por uma suposta mensagem compartilhada através do WhatsApp. Além disso, estes "crimes" causaram vários atos de violência dos muçulmanos contra os cristãos.

A lei da blasfêmia

No Paquistão, a Lei de Blasfêmia reúne várias normas contidas no Código Penal, inspiradas diretamente na Shariah – lei religiosa muçulmana – a fim de sancionar qualquer ofensa com palavras ou obras usadas contra Alá, Maomé ou o Corão.

A ofensa pode ser denunciada por um muçulmano sem necessidade de testemunhas ou provas adicionais e o castigo supõe o julgamento imediato e a posterior condenação à prisão ou morte do acusado.

A lei é usada com frequência para perseguir a minoria cristã, que costuma ser explorada no trabalho e discriminada no acesso à educação e aos cargos de função pública.

Um dos casos mais emblemáticos na aplicação desta lei é o da mãe e esposa católica Asia Bibi, que está na prisão há quase 6 anos, por uma falsa acusação de blasfêmia contra Maomé.

No ano passado, a família de Asia Bibi saudou o Papa Francisco. Naquela ocasião, o Santo Padre disse que reza por ela e pela sua libertação.

Ataques a cristãos

No Paquistão, o ódio aos cristãos, que são uma minoria religiosa, parece não ter limites. Em março de 2016, um grupo de terroristas muçulmanos atacou um grupo de cristãos que celebravam a Páscoa na cidade de Lahore. Mais de 65 pessoas morreram e centenas ficaram feridas.

Depois do atentado, milhares de muçulmanos fizeram uma violenta manifestação na qual exigiam a execução de Asia Bibi.

Na primeira semana deste ano, um grupo de muçulmanos sequestrou uma jovem cristã, outro queimou uma pilha de bíblias e livros litúrgicos em uma igreja; e, na região de Punjab, queimaram um templo protestante.

Em outubro do ano passado, uma cristã de 28 anos foi queimada viva por se negar a casar com um muçulmano. A mulher não morreu, mas ficou com 80 por cento do corpo afetado.

Em abril de 2015, um grupo de extremistas islâmicos incendiou um adolescente por dizer “sou cristão”. O jovem morreu logo depois de perdoar os seus assassinos.

Poucos dias antes, em março, dois terroristas suicidas atentaram contra dois templos cristãos no bairro de Youhanabad, em Lahore, causando a morte de 14 pessoas e 80 ficaram feridas.

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Naquela ocasião, o Papa Francisco afirmou que “nossos irmãos derramam sangue só porque são cristãos”.

Como estes, muitos outros incidentes ocorrem no Paquistão, onde os cristãos são constantemente perseguidos e assassinados por extremistas muçulmanos.

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