O Arcebispo de Caracas (Venezuela), Cardeal Jorge Urosa Savino, criticou a suspensão das eleições regionais na Venezuela e advertiu que o que se vive nesse país “já é uma ditadura”.

Em uma entrevista divulgada pela Arquidiocese de Caracas, o Cardeal Urosa Savino advertiu que o atraso nas eleições regionais “é muito grave. No ano passado, deviam ter efetuado eleições regionais, para eleger governadores e prefeitos, e não foram feitas. Propuseram-nas para este primeiro semestre do ano”.

A entrevista, com data de 7 de fevereiro, foi realizada dias antes de Tania D’Amelio, reitora principal do Conselho Nacional Eleitoral (CNE), tinha anunciado que o processo eleitoral se encontra “interrompido” pelo processo de renovação de organizações políticas. Isto atrasaria as eleições pelo menos até junho deste ano.

O Arcebispo de Caracas lamentou que “tenha havido representantes do governo que afirmaram que essas eleições não são importantes, É muito grave”.

“Não convocar eleições seria uma violação dos direitos dos venezuelanos. Uma gravíssima violação da Constituição Nacional”, disse.

O Cardeal Urosa Savino assinalou que o CNE deve “obedecer aos venezuelanos” e recordou que “esta falta de respeito aos direitos eleitorais do povo, junto com a omissão de conceder liberdade aos presos políticos e negar restituir as faculdades constitucionais da Assembleia Nacional são as causas que provocam a insatisfação do Vaticano e dos Bispos venezuelanos ante o fracassado diálogo de novembro do ano passado”.

“A Constituição e as leis exigem que sejam realizadas eleições regionais o mais rápido possível. Não fazer seria uma zombaria ao povo”, advertiu e exigiu “que não bloqueiem os partidos políticos com formalismos e regulamentos complacentes”.

Consultado se na Venezuela se vive uma democracia moderna ou se é uma ditadura, o Arcebispo de Caracas assinalou que “sem dúvidas não é uma democracia moderna”, pois “democracia é respeito ao povo, observância da constituição, divisão e funcionamento dos poderes públicos, vigência de todas as garantias, ausência de presos políticos, eleições livres”.

O Cardeal reiterou que, tal como disse em dezembro de 2016, a situação política na Venezuela “já é uma ditadura”.

Como provas dos ataques à democracia, o Arcebispo venezuelano assinalou que o “bloqueio da Assembleia Nacional eleita majoritariamente pela oposição é uma mostra clara disso”, assim como “a suspensão de garantias econômicas com o decreto de exceção por períodos sucessivos sem aprovação da Assembleia”.

Outras provas da falta de democracia, indicou, são “reter presas pessoas com mandados de liberdade”, assim como “a falta de respeito à imunidade dos parlamentares”.

“E o atropelamento do povo com o manejo arbitrário e inútil das notas de cem bolívares ocorrido em dezembro é uma brincadeira e uma afronta especialmente aos mais pobres. E agora a tentativa de cancelar as eleições regionais”, concluiu.

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