O Movimento Cristão Libertação (MCL) pediu ao Arcebispo de San José (Costa Rica), Dom José Francisco Ulloa, que interceda ante as autoridades consulares de Cuba a favor da liberdade do seu coordenador nacional, Eduardo Cardet, detido desde o dia 30 de novembro e a quem o regime quer encarcerar devido a “sua atividade política de liderança dentro do MCL”.

O pedido foi realizado através de uma carta assinada pelo representante do MCL na Costa Rica, Michel Céspedes Rodríguez, e publicada no site deste movimento ontem.

“Dirigimo-nos ao senhor, como mediador e pastor do povo de Deus que peregrina na terra, para fazer um pedido especial de intercessão ante as autoridades consulares cubanas em San José e seus irmãos bispos cubanos”, expressa a missiva.

No texto, explicam a Dom Ulloa que o MCL foi fundado em 8 de setembro de 1988, Dia de Nossa Senhora da Caridade, Padroeira de Cuba, por um grupo de fiéis católicos liderados por Oswaldo Payá Sardiñas para que, na lei e inspirados pela Doutrina Social da Igreja, pudessem lutar pela transição pacífica da ilha “à democracia e à liberdade”.

A carta destaca que seu fundador recebeu o Prêmio Sajarov aos Direitos Humanos do Parlamento Europeu em 2002 e foi indicado em várias ocasiões ao Prêmio Nobel da Paz. Entretanto, foi “assassinado” em 22 de julho de 2012.

Além disso, denunciou que Cardet, sucessor de Payá na liderança do MCL, foi “agredido, detido e ameaçado a ser condenado à prisão injustamente pelas autoridades policiais e pelo departamento da Segurança do Estado em Holguín, sua província natal”, por ter promovido e apresentado ante a Assembleia Nacional do Poder Popular a iniciativa “Um cubano, um voto”.

Neste documento “solicitamos uma reforma da lei eleitoral a fim de que todos possamos ter o direito de escolher e ser escolhidos. Os de dentro e os de fora, porque todos formamos essa nação caribenha chamada Cuba”, explicou a missiva.

O MCL recordou que “no poder e na oligarquia liderada pela família Castro Ruz”, durante 60 anos “sequestraram os direitos de todos os cubanos e se apoderaram do país como se fosse uma propriedade familiar”.

“O senhor conhece particularmente a nossa história e realidade e, além das nossas carências materiais, continuamos sendo um povo nobre que deseja viver em liberdade”, expressou.

Nesse sentido, denunciou que “querem inventar uma causa para poder mantê-lo (Cardet Concepción) na prisão e contrariar a sua atividade política de liderança dentro do MCL”.

Por isso, finaliza a carta, “acudimos a sua generosidade para que também possa fazê-la extensiva a Dom Oscar Fernández, Secretário Geral da Conferência de Bispos Católicos da Costa Rica, aos bispos cubanos, especialmente ao bispo da diocese de Holguín, Dom Emilio Aranguren”.

Há alguns dias, o MCL denunciou que as ameaças não se restringem a Eduardo Cardet, mas também à sua esposa e aos seus filhos.

No dia 10 de dezembro a esposa de Cardet, Yaimaris Vecino, denunciou que foi ameaçada pelos agentes da Segurança do Estado que destruiriam moralmente a sua família como represália pelo trabalho opositor do líder dissidente.

O MCL assinalou que o regime a ameaça pelo telefone que, caso saia, na rua será agredida. Além disso, “estão a humilhando moralmente na internet e na cidade” de Velasco, onde mora com seus dois filhos de 11 e 13 anos.

Esta situação fez com que o movimento recorresse ao apoio da comunidade internacional e da Santa Sé.

Em 8 de dezembro o representante do MCL na Itália, Michele Trotta, enviou uma carta ao Secretário de Estado Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, para solicitar que intervenha a favor da liberdade de Cardet, cuja situação é “verdadeiramente crítica”.

“Eminência, em nome da nossa amizade e do respeito recíproco, peço-lhe intervir para salvar a vida deste homem e pelo que representa. O sentimento de impotência que nos assalta é imenso”, expressou em sua carta.

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