O Bispo de Neiva (Colômbia), Dom Froilán Casas Ortiz, advertiu que a decisão da Corte Constitucional de retirar o Episcopado da coadministração do Serviço Nacional de Aprendizagem (SENA) mostra que querem tirar a Igreja das instituições da vida pública e enviar os “católicos às catacumbas”.

No dia 30 de novembro, a Corte Constitucional eliminou a representação da Conferência Episcopal Colombiana (CEC), no Conselho Diretor Nacional e Diretores Regionais do SENA, argumentado que a Colômbia é um Estado leigo. Esta decisão foi tomada apesar de a Igreja contribuir em 1957 com a fundação desta instituição, dedicada à formação profissional de pessoas de baixos recursos econômicos.

“A católica Colômbia tem tirado a Igreja e seus ministros de todas as instituições da vida pública. Depois que contribuímos tanto ao país, agora nos desconhecem e lentamente estão nos excluindo de todo tipo de expressão pública de fé. É verdade, a Constituição de 1991 estabeleceu um Estado laico, não confessional, o que é bom, no meu entender. Um Estado laico não é aquele que massacra as crenças, mas aquele que as respeita”, expressou o Prelado em um artigo publicado ontem no site da CEC.

Sob o título “Uma Igreja perseguida”, Dom Casas recordou que “as crenças são a parte medular de uma cultura” e, portanto, a decisão da Corte demonstra uma “tendência” na leitura da Constituição. “Tirar a possibilidade que o homem tem de expressar a sua fé publicamente é castrá-lo, é mutilá-lo”, advertiu.

“De modo que o cristão, que é um cidadão e que paga impostos, segundo a leitura feita pela Corte Constitucional à Carta, não pode exteriorizar as suas crenças. Deste modo, ter um crucifixo no escritório, é uma falta de respeito àqueles que não acreditam. Você pode expressar livremente a sua indiferença ou agnosticismo e eu tenho que esconder meus sentimentos religiosos. Que sofisma de distração! Supostamente se combate um dogmatismo com outro pior. Estão mandando os cristãos católicos às catacumbas”, denunciou.

A respeito da separação do Episcopado do SENA, o Bispo de Neiva assinalou que a Corte está desconhecendo o papel da Igreja em obras sociais como “orfanatos, asilos, casas para atender as crianças de rua, obra para reabilitar dependentes químicos e tantas obras sociais em todo o país”.

“Como desconhecer o papel da Igreja na educação dos pobres? E a Igreja não recebe impostos como o Estado recebe e tem a obrigação de todas estas obras assistenciais. Como desconhecer o papel da Igreja na construção deste país? Quem exige a igualdade, o que estão dando para exigi-la?”, questionou.

“Tiram-nos do SENA, entidade que fundamos junto com a UTC e a Junta Militar de Governo em 1957, com a desculpa de que este é um Estado laico. Que ingratidão!”, expressou.

O Prelado disse que a única coisa que falta é tirar “o nome de Deus do preâmbulo da Constituição”, do emblema da Polícia Nacional, suprimir o Natal porque “há alguns que não são cristãos”, ou eliminar “todos os nomes religiosos dos povos, locais e vilas” por ser “uma falta de respeito aos não crentes”.

“É verdade – finalizou Dom Casas Ortiz –, a Corte Constitucional é a maior instância judicial, mas sobre ela está o constituinte primário. Por cima da Corte está Deus, que um dia os julgará, mesmo que não acreditem nele”.

Esta não é a primeira decisão controversa da Corte Constitucional da Colômbia. Em maio de 2006, despenalizou o aborto em três causas e, em abril de 2015, ordenou ao Ministério de Saúde que aprovasse o protocolo de aplicação da eutanásia no país.

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