O Papa Francisco recebeu ontem em audiência privada Martin Scorsese, diretor do filme “Silêncio”, adaptação de um livro a respeito da perseguição de um grupo de jesuítas no Japão, no século XVII.

Segundo informações da Santa Sé, Scorsese, ganhador do Oscar de melhor diretor pelo filme “Os Infiltrados”, participou deste encontro junto com a sua esposa e suas duas filhas. Na audiência também esteve presente o Prefeito da Secretaria para as Comunicações, Mons. Edoardo Viganó.

“A reunião foi muito cordial e durou aproximadamente quinze minutos”, indicou o Vaticano. “O Papa disse aos presentes que leu o livro “Chinmoku” (“O Silêncio”), que inspirou o filme. Além disso, falou da “semeadura” dos jesuítas no Japão e sobre o “Museu dos 26 mártires”.

Scorsese entregou ao Santo Padre “dois quadros ligados ao tema dos ‘cristãos ocultos’, um deles representando uma imagem muito venerada de Nossa Senhora, obra de um artista japonês do século XVIII”. Por sua parte, o Papa presenteou os convidados com rosários.

“Silêncio” é a adaptação de um romance de 1966 escrito pelo japonês Shusaku Endo, que fala da perseguição a um grupo de jesuítas no Japão do século XVII, um tempo no qual a fé era castigada e aqueles que a praticavam eram torturados e executados. O filme foi exibido no último dia 29 no Pontifício Instituto Oriental, administrado pela Companhia de Jesus, no Vaticano.

O filme é protagonizado por Andrew Garfield, Adam Driver e Liam Neeson, e será estreado nos cinemas dos Estados Unidos em 23 de dezembro deste ano e na Itália no dia 12 de janeiro, segundo informações da agência ANSA.

Scorsese, diretor também do controverso filme “A Última Tentação de Cristo”, relatou a ‘The Guardian’ que contratou o sacerdote jesuíta James Martin como consultor, a fim de o filme fosse mais preciso e autêntico.

Além disso, os atores se prepararam participando de um retiro de silêncio de sete dias em San Beuno, um centro espiritual jesuíta no norte do País de Gales, segundo o jornal.

“Silêncio” é a culminação de um projeto que durou 27 anos de Scorsese, que o descreveu como “uma obsessão”.

Antes de se dedicar à indústria do cinema, Scorsese questionou sua vocação ao sacerdócio. Criado em um lar católico e educado em uma escola católica, permaneceu durante um ano no seminário. Ele disse que suas crenças influenciaram em seus filmes desde então. Certa vez comentou: “Minha vida inteira foi filmes e religião. Isso é tudo, nada mais”.

Em uma entrevista há três anos, o diretor disse que havia estado “empapado na religião católica romana” quando era jovem. “A medida em que envelhece, as ideias vão e vêm. Perguntas, respostas, perda da resposta outra vez e mais perguntas, e isto é o que realmente me interessa”.

Nesse sentido, disse que “Silêncio” é “uma história verdadeira, forte e maravilhosa, um thriller de algum modo, mas que se ocupa dessas perguntas”.

Publicado originalmente no National Catholic Register.

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