A Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) apresentou em Madri o seu Relatório sobre a Liberdade Religiosa no Mundo, um estudo que conclui que “o Islã radical é a principal ameaça” à liberdade religiosa e que a religião cristã é a mais perseguida no mundo, pois mais de 334 milhões de cristãos vivem atualmente em países onde são perseguidos e discriminados.

O Relatório sobre a Liberdade Religiosa elaborado pela ACN compreende o biênio de junho de 2014 a junho de 2016 e foi apresentado pelo diretor da fundação pontifícia na Espanha, Javier Menéndez Ros, junto com o Arcebispo de Homs (Síria), Dom Jean Abdo Arbach.

O estudo mostra um sério retrocesso neste direito fundamental. De fato, dos 196 países analisados, 38 sofrem graves violações, em 23 há perseguição religiosa e em 15, discriminação.

“Uma de cada três pessoas no mundo vive em um país no qual a liberdade religiosa não existe”, declarou Menéndez Ros e indicou que “sem liberdade religiosa não há uma verdadeira liberdade e as outras liberdades são limitadas”.

Os países nos quais a perseguição é maior são: Afeganistão, Arábia Saudita, Coreia do Norte, Iraque, Nigéria, Síria e Somália.

O diretor da ACN Espanha afirmou que “o cristianismo é a religião mais perseguida do mundo, pois um a cada seis cristãos no mundo vive em países com perseguição religiosa”.

Sobre os recentes ataques à liberdade religiosa na Espanha, como profanações de Igrejas, roubos do Santíssimo Sacramento ou insultos a festas religiosas, Menéndez Rios afirmou que a situação do país deve ser compreendida no contexto das outras nações europeias, “porque também ocorrem nesses países”.

“Estando em uma situação de respeito à liberdade religiosa protegida pela lei, podemos constatar que existem ataques e acontecimentos preocupantes”, apontou.

Disse ainda que vê com “preocupação o fato de que cada vez há mais ataques ao clero e às Igrejas, especialmente a católica, também ao que é mais sagrado para nós como os símbolos religiosos e o Santíssimo Sacramento e a resistência a que a Igreja eduque à escola”.

A Fundação ACN sublinhou a importância do respeito à liberdade religiosa no mundo, pois é um direito fundamental estabelecido no artigo 18 da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Esse artigo assinala que “toda pessoa tem o direito à liberdade de pensamento, de consciência e de religião; que inclui a liberdade de mudar de religião ou de crença, assim como a liberdade de manifestar a sua religião, sua crença, individual e comunitariamente, tanto em público como privado, através do ensinamento, da prática, do culto e da observância”.

Genocídio de cristãos

Segundo aponta o relatório, o Islã extremista é a principal ameaça à liberdade religiosa e a principal causa de perseguição. De cada 5 países no mundo, 1 sofreu ataques islâmicos radicais.

Diante da ameaça do radicalismo islâmico também observam o crescimento de um novo fenômeno “de violência sem precedentes” que qualificam como “hiperextremismo islamista”, que está causando no Oriente Médio “a eliminação de toda a forma de diversidade religiosa, com a pretensão de impor uma monocultura religiosa em toda a região”.

“Nos dois últimos anos, os ataques cometidos contra minorias religiosas no Oriente Médio nos conscientizaram acerca da pretensão de aniquilação total da liberdade religiosa nessa região do mundo e em outros lugares”, precisa o estudo.

O Relatório de Liberdade Religiosa no Mundo 2016 “denúncia esta vulnerabilidade, até chegar a qualificar de ‘genocídio’ as ações do Daesh na Síria e no Iraque”.

O Arcebispo de Homs (Síria), Dom Jean Abdo Arbach, denunciou a falta de liberdade religiosa no Oriente Médio e especialmente a ameaça aos cristãos.

O Prelado assegurou que “os cristãos sofrem a perseguição da época de Jesus Cristo” e que, embora não haja um número claro de cristãos assassinados devido à sua fé, “somente em Homs foram registrados 420 mártires cristãos, com nome e sobrenome”. 

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Segundo a Convenção para a Prevenção e a Cura de Delito de Genocídio da ONU, entende-se como genocídio os atos cometidos com a intenção de destruir total ou parcialmente um grupo nacional, étnico, racial ou religioso como tal.

Esta destruição, indica a convenção, é realizada através da matança de membros do grupo, atentados graves contra a integridade física ou mental ou a submissão intencionada do grupo às condições de existência que possam causar sua destruição física total ou parcial.

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