O Papa Francisco enviou uma carta ao Santuário Nacional de Aparecida, por ocasião da Semana da Criança, sobre o combate ao trabalho infantil, que teve início em 9 de outubro e segue até o dia 16. Na mensagem, o Pontífice pede que se cuide das crianças.

“Guardando viva no coração a grata lembrança da inauguração do monumento dedicado à Nossa Senhora Aparecida nos Jardins Vaticanos, é com muita alegria que dirijo uma saudação por ocasião da Semana da Criança, organizada pelo Santuário nacional da Padroeira do Brasil que, em parceria com os Tribunais Regionais do Trabalho e Procuradorias Regionais do Trabalho do estado de São Paulo, tem por finalidade promover a luta pela erradicação do trabalho infantil e proporcionar às crianças uma educação de qualidade que lhe garanta um futuro melhor”, escreveu o santo Padre ao cumprimentar os organizadores do evento.

Francisco assinalou que, a partir da realidade vivida pelas crianças é possível compreender a vida da família, da sociedade e do mundo.

O Pontífice assinalou que as crianças são “sinal de esperança, sinal de vida, mas também sinal de ‘diagnóstico’ para compreender o estado de saúde de uma família, de uma sociedade, do mundo inteiro”.

Segundo ele, “quando as crianças são acolhidas, amadas, protegidas, tuteladas, a família é sadia, a sociedade melhora, o mundo é mais humano”.

Nesse sentido, declarou que é preciso renovar sempre a disposição em acolher mais e melhor as crianças e perguntar: “somos capazes de permanecer junto delas, de perder tempo com elas? Sabemos ouvi-las, defende-las, rezar por elas e com elas? Ou negligenciamo-las, preferindo ocupar-nos dos nossos interesses?”.

Por fim, o Papa expressou seus “votos de que o Fórum para a Erradicação do Trabalho Infantil possa ser frutuoso nos seus propósitos e, para tal, peço que as luzes do Espírito Santo iluminem a todos os participantes, ao mesmo tempo que, pela intercessão de Nossa Senhora Aparecida, lhes concedo a Bênção Apostólica, pedindo que não deixem de rezar por mim”.

A Semana da Criança teve início com uma Missa no domingo, 9 de outubro, quando o Santuário Nacional de Aparecida, o Tribunal Regional do Trabalho da 15ª Região e Ministério do Trabalho firmaram uma carta de intenções pela erradicação do trabalho infantil no país.

Segundo o reitor do Santuário Nacional, Padre João Batista de Almeida, ao assumir esse compromisso o Santuário está fazendo valer o que a Igreja católica pensa a respeito do trabalho da criança desde o dia 15 de maio de 1891 quando o Papa Leão XIII proclamou a encíclica Rerum Novarum.

“A Igreja afirmou ‘não ser equitativo exigir de uma criança o que só um homem válido na força da idade pode fazer’. Então, a Igreja pensa e age dessa maneira. A criança precisa estudar, precisa brincar, precisa conviver com outras crianças e precisa conviver com a sua família”, explicou.

Pe. João Batista reforçou que o trabalho “estrangula” o desenvolvimento da criança. Por isso, disse que “o Santuário Nacional junto com as entidades do mundo do trabalho nessa Semana da Criança vai promover várias atividades e um trabalho de conscientização dos devotos através da divulgação de material para que pouco a pouco o Brasil vá diminuindo o número de trabalhadores infantis que hoje passam dos três milhões no nosso país”.

No Brasil, o trabalho é totalmente proibido até os 16 anos de idade, salvo na condição de aprendiz, a partir dos 14. Entretanto, segundo a Pesquisa Nacional de Amostra por Domicilio (PNAD/IBGE) existiam 3,3 milhões de crianças e adolescentes em situação irregular de trabalho no país em 2014. Deste número, 2,7 milhões eram adolescentes entre 14 e 17 anos.

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