“Durante muitos anos, até já como padre, não ligava muito a Fátima”. Foi o que confessou o Bispo da Diocese de Leiria-Fátima, em Portugal, Dom António Marto. O Prelado admitiu diante de centenas de leigos, religiosos e sacerdotes que é “um convertido a Fátima”.

A declaração foi dada no último domingo, 2 de outubro, durante a Assembleia Diocesana, que reuniu cerca de 600 pessoas. O evento, segundo o site da diocese portuguesa, deu início ao segundo ano pastoral do biênio dedicado à Nossa Senhora, com o tema “O meu Coração Imaculado conduzir-vos-á até Deus”.

Dom António contou a sua experiência com a Virgem de Fátima para mostrar como ela pode ser redescoberta na sua essência, “muito além da superficialidade que é normalmente mostrada pela comunicação social, de um povo em penitência e sofrimento, ou de um conjunto de devoções avulsas e isoladas”.

O Bispo recordou que no ambiente em que se formou, “pautado pelo racionalismo”, “olhava para a piedade popular como algo menor e sem grande valor; não me diziam nada as procissões, o terço, as peregrinações”.

A superação desta mentalidade, conforme lembrou, se deu de uma maneira simples, em um momento do cotidiano. Dom Marto contou que foi em um diálogo com seu pai, “um humilde homem rural”, que percebeu “a sua delicadeza de consciência e autenticidade de fé” e deixou que “caíssem dos olhos as escamas racionalistas e passasse a olhar para a piedade popular com muito respeito”.

O Prelado admitiu que naquela época considerava Fátima “uma coisa de crianças e do povo”. Mas, tudo começou a mudar quando precisou preparar uma conferência, a convite do Santuário, e teve que ler pela primeira vez as Memórias da Irmã Lúcia.

Foi então que descobriu que, “afinal, era um assunto muito sério, sobre a intervenção divina num momento histórico muito importante e dramático”.

“Fiquei de tal forma impressionado com a autenticidade e humildade da Irmã Lúcia que me preocupei em ir descobrir as chaves de interpretação daquela Mensagem para o nosso tempo, à luz da teologia”, contou.

A partir daquele primeiro contato, Dom António Marto diz se considerar “um convertido a Fátima” e acrescentou: “Quem diria que acabaria por vir a ser bispo de Fátima!”.

Dessa forma, o Bispo revelou ter descoberto a “beleza e atualidade” da mensagem de Fátima, a qual, segundo ele, possui “uma riqueza muito grande” e “coloca Deus como o que deve ter o primeiro lugar na vida do homem”.

“Nossa Senhora não veio a Fátima fazer pedidos, mas oferecer os dons de Deus à humanidade, os dons da graça, da misericórdia e da paz”, referiu.

Em seguida, sublinhou que, “numa linguagem simples, de coração a coração, transmitiu a três crianças – e hoje a milhões de fiéis – a graça da presença amorosa de Deus que Se torna íntimo e Se faz companheiro, cuja misericórdia é a única força capaz de fazer frente ao mal”.

Para o Prelado, esta mensagem de “alegria e esperança” exige de cada um o acolhimento e a resposta de “conversão, oração e penitência”. “Será esse o programa pastoral e espiritual que Fátima tem a oferecer para a evangelização do nosso tempo”, acrescentou.

Por fim, Dom António Marto recordou que as Aparições de Fátima aconteceram em um tempo marcado pelo ateísmo e que “hoje vivemos um ambiente de indiferença”. Neste contexto, fez um apelo à luta contra essa tendência, ao “empenho pastoral com alegria e entusiasmo, com a ternura e a companhia de Nossa Senhora e dos Pastorinhos”.

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