A Santa Sé apresentou nesta sexta-feira, 22 de julho, a Constituição Apostólica Vultum Dei Quaerere, sobre a vida contemplativa feminina, elaborada pelo Papa Francisco e substituirá o documento Sponsa Christi de Pio XII publicado em 1950.

Durante a apresentação, o Secretário da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, Dom José Rodríguez Carballo, disse que a nova Constituição preenche um vazio dos anos pós-conciliares, do qual já se começava a sentir as consequências, pois atualmente a vida contemplativa se rege por um documento elaborado antes do Concílio Vaticano II.

Indicou que, por isso, a preocupação e decisão do Papa de “dar um novo documento na Igreja aos ‘homens e mulheres, chamados por Deus e apaixonados por ele, viveram sua existência totalmente orientados para a busca de seu rosto, desejosos de encontrar e contemplar a Deus no coração do mundo”.

O Prelado explicou que no documento o Papa dá indicações precisas sobre os elementos fundamentais de uma vida de contemplação que, embora não seja prerrogativa exclusiva das mulheres, é em sua maioria feminina.

“Por isso, ao estabelecer seus elementos essenciais, há referências explícitas às mulheres contemplativas, às quais se propõe o ícone de Maria como summa contemplatrix, aquela ‘virgem, esposa e mãe, que acolhe e guarda a Palavra para devolvê-la ao mundo, contribuindo assim para que Cristo nasça e cresça no coração dos homens sedentos’”.

Destacou que, entre os pontos chaves da nova Constituição Apostólica está a formação das religiosas e propõe ainda a colaboração entre os mosteiros.

“O Santo Padre, enquanto recorda que o local habitual de formação para uma comunidade contemplativa deve ser o mosteiro, também deseja a colaboração entre vários mosteiros de diversas maneiras: a troca de material, o uso prudente das mídias digitais, as casas comuns de formação inicial, a disponibilidade das irmãs preparadas para ajudar os mosteiros com menos recursos etc.”, indicou.

Em Vultum Dei Quaerere, Francisco também dedica um espaço à vida de oração nos claustros.

“Se o desejo profundo do coração de Francisco é ter ‘Igrejas em saída’ – afirmou – isto também é válido para as chamadas a transcorrer sua existência entre os muros de um claustro: a atenção do coração, em sua solicitude maternal, deve dilatar continuamente os confins da oração, para que não só suba às alturas para contemplar o rosto santo de Deus, mas também desça às profundezas, para encontrar a dor do homem mais solitário e excluído”.

Além disso, disse, o documento aborda a autonomia, a que se vincula ao papel das federações, e a clausura. Explicou que todos os mosteiros, exceto em casos especiais, de acordo com a Santa Sé, devem estar federados.

Indicou que é interessante a possibilidade de que as federações se configurem não somente sobre uma base geográfica, mas também em afinidades de espírito e tradições. Do mesmo modo, espera-se a associação, também jurídica, dos mosteiros com a Ordem masculina correspondente e a formação de Confederações e Comissões internacionais de várias Ordens, assinalou.

Quanto à clausura, indicou o Arcebispo, redefinem-se os três tipos de clausura, já especificados em Vita Consecrata: a clausura papal, constitucional e monástica; permitindo aos mosteiros um cuidadoso discernimento que respeite seu direito solicitar eventualmente à Santa Sé abraçar uma forma de clausura diferente da vigente.

Nesse sentido, concluiu, “com esta Constituição Apostólica, temos seu pensamento traduzido em diretrizes claras, que se entregam à Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica que agora tem a tarefa de redigir um novo documento que substitua o vigente Verbi Sponsa e que contém a legislação que regulará a formação, a autonomia e a clausura dos mosteiros de vida contemplativa ou integralmente contemplativa”.

No mundo, há cerca de 4.000 mosteiros de vida contemplativa. A maioria se encontra na Espanha e na Itália.

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