Diante de um cenário de “profunda crise política”, com seus “graves reflexos na economia e na vida nacional”, o Arcebispo de Aparecida (SP), Cardeal Raymundo Damasceno Assis, considera que é possível superá-lo por meio de lições para a reabilitação das práticas políticas no Brasil. Entre elas, expressa o anseio nacional de que o bem comum prevaleça sobre interesses individuais ou de grupos.

Em recente artigo intitulado “Reabilitar a política”, divulgado na página oficial da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), o Cardeal Damasceno observa que o Brasil está “vivendo aguda crise política, que se agrava a medida que o tempo avança e não se vislumbram caminhos para solucioná-la”.

“Infelizmente – analisa –, neste momento em que mais se precisa da política e de políticos, há um descrédito geral em relação a ambos”.

O Purpurado assinala que a política perdeu o seu significado de “verdadeira vocação a serviço da comunidade”, deixando “de ser, como afirma Paulo VI, a forma mais elevada da caridade, para tornar-se mero instrumento de busca de poder e de interesse pessoal ou de grupos”. Com isso, aponta que “uma das consequências naturais” é a corrupção.

Entretanto, sublinha que não se trata de uma “crise insolúvel”. Pelo contrário, considera que é preciso extrair dessa realidade “lições positivas para a reabilitação de nossas práticas políticas”.

A primeira delas diz respeito ao bem comum, que é o “objetivo maior da política” e “deve ser perseguido por todos – políticos e cidadãos –”, “sem que se ceda às fáceis e alienantes tentações populistas”

“Dessa forma – expressa o Arcebispo –, esperamos que nossos políticos, agora mais do que nunca, sejam capazes de colocar o bem comum acima de interesses particulares”.

Por outro lado, há ainda expectativa de que os políticos tenham “disposição e competência para dialogar”, indica Dom Raymundo Damasceno. Para ele, “o diálogo político e a busca de consensos em torno dos problemas nacionais e o respeito às instituições são fundamentais para se encontrarem soluções justas e pacíficas para que a paz e a segurança reinem no país”.

Ao lembrar que, na democracia, cabe a todos a responsabilidade pela solução dos problemas, o Purpurado pontua que também se espera que, “na esfera dos três Poderes da República e no seio da população, prevaleça, nesse grave momento da vida nacional, o senso de equilíbrio, para que se construam soluções duradouras para nossos problemas”.

Por fim, o Cardeal Damasceno ressalta que outro item que vem à tona em meio a essas discussões políticas é a corrupção.

“Sem dúvida – completa –, que o anseio da população é o dos Bispos, reunidos em Aparecida, quando declararam que ‘as suspeitas de corrupção devem continuar sendo, rigorosamente, apuradas. Os acusados sejam julgados pelas instâncias competentes, respeitando o seu direito de defesa; culpados punidos e os danos devidamente reparados, a fim de que sejam garantidas a transparência, a recuperação da credibilidade das instituições e restabelecida a justiça’”.

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