O Papa Francisco celebrou a última Audiência Geral pela chegada do verão a Roma e incentivou os fiéis a pedir a cada dia a Deus que os purifique das hipocrisias.

“Confiar-nos à vontade de Deus significa de fato confiar na sua infinita misericórdia. Também eu farei uma confidência pessoal. À noite, antes de ir pra cama, rezo esta breve oração: ‘Senhor, se queres, podes purificar-me!’. E rezo cinco ‘Pai Nosso’, um por cada chaga de Jesus, porque Jesus nos purificou com as chagas”, revelou.

A seguir, o texto completo da catequese do Papa:

Queridos irmãos e irmãs, bom dia!

“Senhor, se queres, podes purificar-me!” (Lc 5, 12): é o pedido que ouvimos um leproso dirigir a Jesus. Este homem não pede somente para ser curado, mas para ser purificado, isso é, curado integralmente, no corpo e no coração. De fato, a lepra era considerada uma forma de maldição de Deus, de impureza profunda. O leproso devia ficar longe de todos; não podia ir ao templo e nem a nenhum serviço divino. Longe de Deus e longe dos homens. Triste vida tinha esse povo!

Apesar disso, aquele leproso não se resigna nem à doença nem às disposições que fazem dele um excluído. Para alcançar Jesus, não teve medo de infligir a lei e entrou na cidade – o que não devia fazer, era-lhe vedado – e quando o encontrou “jogou-se diante dele rezando: Senhor, se queres, podes purificar-me” (v. 12). Tudo aquilo que este homem considerado impuro faz e diz é expressão da sua fé! Reconhece o poder de Jesus: está seguro que tenha o poder de curá-lo e que tudo depende da sua vontade. Esta fé é a força que lhe permitiu romper toda convenção e procurar o encontro com Jesus e, ajoelhando-se diante Dele, o chama “Senhor”. A súplica do leproso mostra que quando nos apresentamos a Jesus não é necessário fazer longos discursos. Bastam poucas palavras, mas que sejam acompanhadas da plena confiança na sua onipotência e na sua bondade. Confiar-nos à vontade de Deus significa de fato confiar na sua infinita misericórdia. Também eu farei uma confidência pessoal. À noite, antes de ir pra cama, rezo esta breve oração: “Senhor, se queres, podes purificar-me!”. E rezo cinco “Pai Nosso”, um por cada chaga de Jesus, porque Jesus nos purificou com as chagas. Mas se eu faço isso, vocês também podem fazer, na casa de vocês, e dizer: “Senhor, se queres, podes purificar-me!” e pensar nas chagas de Jesus e rezar um “Pai Nosso” para cada uma delas. E Jesus nos escuta sempre.

Jesus é profundamente atingido por esse homem. O Evangelho de Marcos destaca que “teve compaixão, tomou-o pela mão, tocou-o e lhe disse: ‘Eu quero, seja purificado!’” (1, 41). O gesto de Jesus acompanha as suas palavras e torna mais explícito o ensinamento. Contra as disposições da Lei de Moisés, que proibia aproximar-se de um leproso (cfr Lv 13, 45-46), Jesus estende a mão e o toca. Quantas vezes nós encontramos um pobre que vem ao nosso encontro! Podemos também ser generosos, podemos ter compaixão, porém muitas vezes não os tocamos. Nós oferecemos a eles a moeda, a colocamos ali, mas evitamos tocar a mão. E esquecemos que aquilo é o corpo de Cristo! Jesus nos ensina a não ter medo de tocar o pobre e excluído, porque Ele está neles. Tocar o pobre pode purificar-nos da hipocrisia e nos tornar inquietos pela sua condição. Tocas os excluídos. Hoje me acompanham estes rapazes. Tantos pensam que seria melhor que eles tivessem permanecido em suas terras, mas ali sofriam tanto. São os nossos refugiados, mas tantos os consideram excluídos. Por favor, são os nossos irmãos! O cristão não exclui ninguém, dá lugar a todos, deixa vir todos.

Depois de ter curado o leproso, Jesus manda que não contem a ninguém, mas lhe diz: “Vá mostrar-te ao sacerdote e faz a oferta pela tua purificação como Moisés prescreveu, como testemunho para eles” (v. 14). Esta disposição de Jesus mostra ao menos três coisas. A primeira: a graça que age em nós não busca o sensacionalismo. Ela se move com discrição e sem clamor. Para medicar as nossas feridas e nos curar no caminho da santidade essa trabalha modelando pacientemente o nosso coração sobre o Coração do Senhor, de forma a assumir-lhes sempre mais os pensamentos e os sentimentos. A segunda: fazendo verificar oficialmente a cura ocorrida aos sacerdotes e celebrando um sacrifício expiatório, o leproso é reinserido na comunidade dos crentes e na vida social. A sua reintegração completa a cura. Como ele mesmo tinha suplicado, agora está completamente purificado! Enfim, apresentando-se aos sacerdotes, o leproso dá a eles testemunho a respeito de Jesus e à sua autoridade messiânica. A força da compaixão com que Jesus curou o leproso levou a fé deste homem a abrir-se à missão. Era um excluído, agora é um de nós.

Pensemos em nós, em nossas misérias…Cada um tem as próprias. Pensemos com sinceridade. Quantas vezes as cobrimos com a hipocrisia das “boas maneiras”. E justamente então é necessário estar sozinhos, colocar-se de joelho diante de Deus e rezar: “Senhor, se queres, podes purificar-me!”. E fazê-lo antes de ir pra cama, todas as noites. E agora digamos juntos esta bela oração: “Senhor, se queres, podes purificar-me”.

Com tradução de Canção Nova

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