Uma das quatro religiosas das Missionárias da Caridade assassinadas por terroristas no dia 4 de março, em Áden (Iêmen), viveu durante alguns anos no Brasil, como contou o Arcebispo de Salvador (BA), Dom Murilo Krieger, em recente artigo intitulado “Uma semente chamada Margarida”.

“Irmã Margarida: esse nome lhe diz alguma coisa? E Anathalie Mukashema, seu nome de batismo?”, questiona o Primaz do Brasil, acrescentando: “Você pode não ter conhecido essa religiosa das Missionárias da Caridade – congregação mais conhecida como das “Irmãs de Madre Teresa de Calcutá” –, mas ela é lembrada por muitos dos adultos que moram na Fazenda Coutos III (Malvinas) e, também, nos Alagados, em Salvador”.

Ir. Margarida nasceu em Ruanda, na África, no dia 29 de abril de 1971 e ingressou na congregação de Madre Teresa. Aos 25 anos, conforme recorda Dom Murilo, a religiosa chegou a Salvador “para trabalhar com pobres e idosos abandonados”.

“De pequena estatura e sempre muito alegre – sublinha o Arcebispo –, gostava de brincar com crianças e de visitar famílias; aonde ia, preocupava-se em ensinar a oração do Terço”.

Segundo ele, Ir. Margarida viveu no Brasil durante quatro anos, dos quais, dois anos e meio na capital baiana. Após esse período, “foi trabalhar com pobres de Nairóbi – Quênia” e, três anos depois, fez sua profissão perpétua e, na ocasião, redigiu um pequeno texto transcrito por Dom Murilo.

“Eu tenho um só desejo: estar sempre na presença de Deus, para escutar e saciar sua sede, fazendo sempre a sua vontade, através de Maria”, escreveu a religiosa.

Ir. Margarida foi ainda” transferida para a Jordânia”, onde “ficou até 2008, quando foi trabalhar com os necessitados do Iêmen – país localizado no sul da península arábica”.

O Prelado recorda, então, o dia 4 de março, quando, “às 8h30, ela, outras três religiosas de sua comunidade e mais 12 pessoas que as ajudavam foram assassinadas”, por terroristas muçulmanos, “enquanto serviam o café da manhã aos idosos e deficientes, no albergue de Áden”.

“Morreram com os aventais no corpo”, sublinha Dom Krieger, citando em seguida a oração que as religiosas haviam rezado juntas pouco antes, após a Celebração Eucarística: “Senhor, ensina-me a ser generosa. Ensina-me a servir-te como tu mereces; a entregar-me sem calcular as dificuldades; a lutar sem prestar atenção nas feridas; a esforçar-me sem procurar descanso; a trabalhar sem pedir recompensa, sabendo apenas que faço a tua vontade”.

O Primaz do Brasil ainda recorda as palavras do Papa Francisco para expressar que as missionárias da caridade assassinadas “são as mártires de hoje. Não aparecem nas capas dos jornais e nem são notícia. Essas religiosas deram o seu sangue pela Igreja”.

“As Missionárias da Caridade tinham consciência do risco que corriam, pois em mais de uma oportunidade haviam sido ameaçadas”, destaca e acrescenta que, mesmo assim, decidiram permanecer no país e não “abandonar os pobres que tanto amavam”.

Para Dom Murilo, “essas missionárias não foram as primeiras e, provavelmente, não serão as últimas a dar a vida por causa da fé que professavam e dos necessitados que buscavam atender”.

Por fim, ele cita a frase dita pelo próprio Jesus: “Se o grão de trigo que cai na terra não morre, fica só. Mas, se morre, produz muito fruto” (Jo 12,24). Então, conclui: “Espero que muitos frutos dessas sementes – especialmente daquela chamada ‘Margarida’ – beneficiem nossa Arquidiocese, nosso Estado e nosso país”.

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