Ao apresentar a declaração sobre o momento nacional, nesta quinta-feira, 14, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por meio de sua presidência, reforçou que não adota nenhum posicionamento político-partidário, mas sim oferece critérios para orientar as pessoas.

“A nossa posição, seja agora, seja no próximo domingo, é essa que está sendo manifestada na declaração, isto é, estamos continuando a linha adotada nos pronunciamentos anteriores”, afirmou o presidente da entidade, Dom Sérgio da Rocha, sobre o processo de impeachment que será votado no plenário da Câmara dos Deputados no próximo domingo.

O também Arcebispo de Brasília sublinhou que “em pronunciamentos, notas ou declarações anteriores era o conselho permanente, a presidência, o conselho pastoral que se pronunciava, agora é a Assembleia Geral, tem um peso ainda maior uma vez que é o conjunto do episcopado”.

“Temos procurado continuar a mesma linha que tem sido até agora, isto é: de não manifestar uma linha de posição que seja de caráter político-partidário, nem emitir um parecer que fosse mais técnico”, expressou o Prelado.

Ele reforçou, porém, que isso não significa que a CNBB não está se pronunciando diante do atual contexto brasileiro. Pelo contrário, “tem se pronunciado sim, recordando um caminho a seguir, ou critério que deve orientar sobretudo aquilo que está ocorrendo neste momento”.

Em relação à declaração publicada, esclareceu que esta “tem a palavra do episcopado, mas que não tem uma posição que seja de caráter político-partidário”, pois os Prelados julgaram que “seja esse o procedimento mais correto”.

“Não é pelo momento que estamos vivendo – salientou –, é por fidelidade à missão da Igreja”, a qual “é profética, mas não de caráter político-partidário”.

Conforme assinala a nota, destacou Dom Sérgio, o processo de impeachment está sendo “acompanhado atentamente, mas se deve respeitar o ordenamento jurídico do Estado democrático de direito”.

O uso desta expressão – Estado democrático de direito –, embora esteja sendo adotada pelo governo para criticar como golpe a iniciativa do processo de impeachment, não significa por si um apoio da entidade ao governo. Foi o que explicou o secretário-geral, Dom Leonardo Steiner.

“A presidente tem usado muito essa expressão, mas não somente ela. Também quem é a favor do impeachment tem usado essa expressão”, disse, ao acrescentar: “Nas nossas notas, temos usado essa expressão e temos sido acusados de sermos favoráveis ao governo pelo fato de usá-la. Não! Essa expressão é muito importante, porque precisamos preservar a democracia”.

Dom Steiner ressaltou ainda que essa é uma “expressão muito preciosa”, porque é “da Constituição brasileira”. “Por isso, nós não temos medo na Conferência de usá-la independentemente de quem esteja a usando”, afirmou.

Ao completar esta explicação, o vice-presidente da CNBB, Dom Murilo Krieger assinalou que a declaração dos Bispos diz:  “A Conferência espera o correto procedimento das instâncias competentes, respeitando o ordenamento jurídico do Estado democrático de direito”.

Outro ponto destacado pelo presidente da CNBB diz respeito às manifestações dos diferentes grupos, a favor e contra o governo.

“Algo que precisa sempre ser recordado, sobretudo neste momento, que as manifestações devem ser pacíficas”, pontuou o Prelado, reforçando que, quem for se manifestar, independente da posição, “deve fazer isso sempre em clima de respeito a quem pensa diferente, buscando a paz, rejeitando a violência”.

Segundo ele, esta é uma grande responsabilidade também das “lideranças políticas, religiosas, autoridades e até dos veículos de comunicação, porque nós vivemos um momento de exercício da cidadania, mas que precisa ser vivido na paz, no respeito a essa pluralidade ou, sobretudo, as diferentes posições que se estão manifestando em relação a esse problema do impeachment”.

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