Na exortação apostólica pós-sinodal Amoris Laetitia, do Papa Francisco, “o matrimônio é colocado, sobretudo, como vocação e isso é fundamental”, explicou o Arcebispo de Aparecida (SP), Cardeal Raymundo Damasceno Assis, na segunda-feira, durante coletiva de imprensa da 54ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

“O matrimônio não é uma loteria, não é uma aventura que se faz para ver se vai dar certo ou não. É uma vocação, um chamado de Deus”, sentenciou o Purpurado que participou dos Sínodos sobre a família de 2014 e de 2015.

Ele ainda ressaltou que, como vocação, o matrimônio “é um caminho para a santidade, caminho de realização para duas pessoas, homem e mulher, que se sentem chamados por Deus para a vida a dois, para construir um lar, uma família”.

Aos jornalistas, Dom Raymundo falou sobre os capítulos seis e oito da exortação, que trazem “perspectivas pastorais”.

Segundo ele, entre essas perspectivas, está a importância do anúncio do evangelho da família “como a Igreja propõe: a família constituída por um homem e uma mulher, uma união fundamentada no amor, indissolúvel e aberta à vida”.

Além disso, destacou como o documento aponta o “acompanhamento de algumas posturas pastorais que se deve ter em conta”, como por exemplo, a insistência do Papa Francisco “em reforçar a Pastoral Familiar”.

Para isso, indicou o Cardeal, a Amoris Laetitia reafirma a necessidade de investir na formação dos futuros sacerdotes, para que estejam preparados para acompanhar os casais desde o namoro, passando pelo noivado, até o casamento, incluindo a celebração do matrimônio.

“Hoje, nem sempre se estão celebrando o matrimônio nas Igrejas de modo adequado, de modo que o casal e os outros que participam possam viver a riqueza do rito matrimonial”, observou.

E o acompanhamento do sacerdote, conforme pontuou o Cardeal Damasceno, deve seguir após o matrimônio.

“Como os futuros presbíteros estão sendo preparados para dirigir os casais em todas as suas ações, é o que chamamos direção espiritual”, questionou, salientando que “os casais, ao longo de todo o matrimônio, passam por dificuldades, como qualquer outra vocação”.

Outro ponto abordado pela exortação nesta perspectiva pastoral, segundo o Arcebispo de Aparecida, é o necessário “acompanhamento dos casais que se separam”, “mesmo depois da separação e mesmo depois de ter contraído uma segunda união”.

“Muitos casais que contraem uma segunda união participam da vida comunitária, dos trabalhos sociais da Igreja, em algumas atividades apostólicas, assumem o seu compromisso na segunda união com toda responsabilidade na educação de seus filhos e também em relação à primeira união”, afirmou.

Quanto às uniões homossexuais, o Purpurado reforçou que na Amoris Laetitia o Papa Francisco reafirma que estas não podem ser equiparadas ao matrimônio entre um homem e uma mulher, mas que deve haver o respeito a essas pessoas.

Por fim, Dom Raymundo destacou que “a família é fundamental não só para a sociedade, mas também para a Igreja”. E, lembrando as palavras de São João Paulo II, acrescentou que “pela família passa o futuro da humanidade”.

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