Depois do encontro histórico com o Papa Francisco em Cuba, no dia 12 de fevereiro, e de visitar diferentes países da América do Sul, o Patriarca ortodoxo Kirill de Moscou esteve no Brasil no último fim de semana. Entre as várias atividades que realizou, um marco foi a oração no Cristo Redentor, no Rio de Janeiro neste sábado, 20, onde também esteve presente o Arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta.

Ao site da arquidiocese, Dom Orani recordou que na ocasião o Patriarca fez “também um pronunciamento muito importante sobre a situação do mundo de hoje, ressaltando a mensagem da Igreja e dos valores cristãos para a sociedade”.

“Nós, do Rio de Janeiro, nos sentimos privilegiados em poder recebê-lo e restabelecer esse relacionamento com a Igreja Ortodoxa Russa através do seu Patriarca, que veio rezar aos pés do Cristo Redentor pela paz no mundo e pelos cristãos perseguidos, pedindo a Deus para que o mundo de hoje possa acolher e aceitar as diferenças”, expressou o Cardeal.

Depois do momento de oração no Cristo Redentor, o Patriarca visitou a Igreja Ortodoxa Russa de Santa Mártir Zenáide, no bairro de Santa Teresa, e teve um encontro com Dom Orani e o Bispos auxiliares da Arquidiocese do Rio de Janeiro, no Palácio São Joaquim.

Segundo o Arcebispo, nas conversas particulares, o Patriarca lembrou muitas vezes que, “quando se procura o bem social, mas se esquece dos valores humanos e cristãos, a sociedade acaba se perdendo ainda mais porque o ser humano quer uma vida mais justa, mais fraterna e mais humana”.

“Porém – manifestou Dom Orani –, o ser mais fraterno e mais humano supõe também uma vida de espiritualidade e com os valores em Deus”.

No domingo, 21, o líder da Igreja Ortodoxa Russa celebrou uma Divina Liturgia na Catedral Metropolitana Ortodoxa Antioquina, em São Paulo. O Arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, esteve presente na celebração.

Ao final, o Patriarca afirmou sentir a “dor de todos cristãos que são oprimidos hoje”, conforme assinalou o site da Arquidiocese de São Paulo.

Ele também recordou a oração feita no dia anterior no Rio de Janeiro, ao falar sobre a paz na Síria e no Oriente Médio, a qual, de acordo com Kirill, só será alcançada com justiça e não por meio da guerra.

“Como fizemos ontem no Rio de Janeiro, hoje, em São Paulo, rezamos por aqueles que são perseguidos, mortos apenas porque são cristãos… Guerra e violência nunca alcançaram paz duradoura. A paz duradoura está sempre associada à justiça”, declarou.

Neste sentido, citou a declaração conjunta que assinou com o Papa Francisco, no dia 12, em Cuba e destacou que é preciso “superar diferenças e organizar uma coalizão comum contra o terrorismo”.

Segundo o líder da Igreja Ortodoxa Russa, “a declaração concentra a atenção nos perseguidos, nos cristãos em sofrimento e nos dá uma base para ação conjunta não apenas para protegê-los, mas também para várias outras questões para um mundo mais pacífico e para que pessoas aprendam a viver em conjunto”.

A visita do Patriarca Kirill ao Brasil se deu no contexto do 95º aniversário da chegada de 1.217 refugiados russos de Gallipoli ao Rio de Janeiro, em 1921, e o 70º aniversário da criação da Arquidiocese Ortodoxa Russa da Argentina e América do Sul.

O Patriarca russo chegou ao Brasil no dia 19, após passar por Cuba, Paraguai e Chile. Ele foi recebido em Brasília, onde se reuniu com a presidente Dilma Rousseff. Após os três dias em território brasileiro, Kirill retornou para Rússia no domingo, 21.

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