Peritos juristas, líderes religiosos e inclusive uma comissão governamental solicitaram ao Departamento de Estado dos Estados Unidos que inclua os cristãos entre as vítimas de genocídio cometido pelo Estado Islâmico (ISIS).

“Recentemente, ficamos sabendo de uma novidade do Departamento de Estado sobre o fato de que ISIS esteja cometendo genocídio contra os yazidis. Nós nos uniríamos de todo coração a esta conclusão, mas estamos profundamente preocupados com a possibilidade de que o comunicado do Departamento omita ou se reserve o julgamento sobre se ISIS está cometendo genocídio contra os cristãos”, assinalaram um grupo de juristas, acadêmicos e líderes religiosos, em uma carta enviada no dia 4 de dezembro ao Secretário de Estado dos Estados Unidos, John Kerry.

Os 30 assinantes pediram ao Departamento de Estado que aumente a sua busca de evidência de genocídio, indicando que até agora a investigação foi “muito limitada” e poderia resultar somente em uma denominação de atrocidades cometidas contra os yazidis no Iraque.

Este fato excluiria atos de violência cometidos com o propósito de destruir as comunidades cristãs e muçulmanas xiitas em muitas regiões do Iraque e da Síria, assim como outras minorias étnicas e religiosas, advertiram os assinantes.

O Departamento de Estado teria baseado a sua próxima denominação de genocídio em uma “revisão limitada das ações do ISIS em Nínive, Iraque, desde o verão de 2014”, assinalou a carta. Portanto, omitiria as ações do ISIS em grandes áreas do Iraque e da Síria.

Como resultado, o departamento “carece de informação suficiente sobre a experiência das comunidades cristãs em Nínive durante esse tempo, para concluir que foi realizado um genocídio”, acrescentaram os assinantes da carta.

A definição de genocídio, segundo as Nações Unidas, são atos cometidos contra certo grupo religioso ou étnico com o propósito de “destruir totalmente ou parte de um grupo”. Inclusive o assassinato em massa, a tortura ou o deslocamento maciço com o propósito acabar com tal grupo.

Peritos consideram que uma designação oficial de genocídio por parte dos Estados Unidos aplicaria pressão sobre as Nações Unidas a fim de que classifiquem as atrocidades do Estado Islâmico como genocídio. Este fato resultaria em uma ação internacional para detê-lo e iniciar um julgamento dos perpetradores sob a lei internacional.

Os cristãos e outras vítimas de genocídio poderiam ter também uma maior prioridade para serem aceitos nos Estados Unidos como refugiados.

No dia 4 de dezembro, a Comissão dos Estados Unidos sobre Liberdade Religiosa Internacional se pronunciou, acrescentando à discussão o peso de uma comissão do governo federal independente e bipartidária.

Robert George, presidente da comissão, disse ao Grupo ACI que o grupo votou por “pedir ao governo que designe os cristãos, assim como os yazidis e outras pequenas minorias religiosas, como vítimas de genocídio no Iraque e na Síria”.

As outras minorias religiosas que consideraram incluir foram os xiitas, os turcos e as comunidades Shabak no Iraque e na Síria.

A carta dirigida ao Secretário de Estado dos Estados Unidos sublinhou que existe evidência de assassinatos em massa, tortura, escravidão sexual, sequestro, conversão forçada, profanação e destruição de igrejas, monastérios, lugares e objetos sagrados.

O Estado Islâmico assumiu publicamente os assassinatos maciços e expressou “sua vontade de eliminar as comunidades cristãs do seu ‘Estado Islâmico’”, acrescentaram os assinantes do documento.

Além disso, o ISIS estaria atacando os cristãos em campos de refugiados na região, o que seria outro sinal de genocídio.

Patrick Kelly, dos Cavaleiros de Colombo, denunciou em uma reunião recente: “Temos evidência de que os cristãos nos campos estão dentro do seu alvo, que o ISIS e outras tropas estão enviando assassinos aos campos, que existem casos de escravidão sexual e sequestro dentro dos campos”.

Entre os assinantes da carta do dia 4 de dezembro, estão o diretor do Projeto de Liberdade Religiosa da Universidade de Georgetown, Thomas Farr; Mary Ann Glendon, ex-embaixadora dos Estados Unidos ante a Santa Sé e atual professora na Universidade de Leis de Harvard; e o ex-membro do congresso americano, Frank Wolf.

Também assinaram a missiva o Arcebispo de Washington, Cardeal Donald Wuerl; o Bispo Caldeu do oeste dos Estados Unidos, Sarhad Y. Jammo; o Arcebispo Oshagan da Igreja Apostólica Armênia dos Estados Unidos e representantes das comunidades anglicanas, batistas, evangélicas e grego-ortodoxas.

O Cavaleiro Supremo dos Cavaleiros de Colombo, Carl Anderson, também assinou a carta, assim como o fizeram Nina Shea, diretora do Centro para a Liberdade Religiosa do Instituto Hudson; e Katrina Lantos Swett, presidente da Fundação Lantos.

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