Dom Mieczysaw Mokrzycki é Arcebispo de Lviv, Presidente da Conferência Episcopal da Ucrânia e participante do Sínodo dos Bispos que acontece no Vaticano. O Prelado de origem polonesa, filho espiritual de São João Paulo II, explicou hoje, dia no qual a Igreja celebra sua festa, que o ensinamento do Papa Wojtyla sobre a família é sempre atual.

Em entrevista concedida à ACI Stampa – agencia do Grupo ACI (em italiano) –, o Prelado comentou: “Para nós, é uma grande alegria, não me refiro somente aos poloneses, mas para toda a Igreja, recordar o dia da eleição de João Paulo II, que rapidamente conquistou o mundo inteiro”.

“É um dia especial para toda a Igreja e vemos em todo seu pontificado, que foi um homem extraordinário”.

A respeito da herança do Santo Pontífice, depois de 10 anos de sua morte, o Arcebispo explicou: “O ensinamento do magistério da Igreja de João Paulo II é sempre atual. É verdade que a sociedade mudou um pouco, porque mudaram a cultura e as circunstâncias. Também durante este Sínodo os bispos manifestaram diversos problemas e dificuldades da família”.

“Alguns queriam ser um pouco ‘progressistas’ e dar acesso a comunhão aos divorciados recasados, mas muitos bispos recordaram o grande ensinamento dos Papas João Paulo II e Bento XVI, que se expressaram claramente indicando que isso iria contra a doutrina da Igreja, contra o Sacramento da Eucaristia, da penitência e da graça”.

Na opinião de Dom Mokrzycki, “o ensinamento de João Paulo II era talvez muito exigente, mas real. Se queremos acrescentar valor a nossa fé, devemos suportar qualquer dificuldade, pois somente assim seremos fiéis aos ensinamentos de Jesus Cristo”.

O magistério de São João Paulo II no Sínodo

“Durante o pontificado de João Paulo II, sobretudo nos anos nos quais estive com ele, o Papa não falava muito de sua família. Às vezes, mencionava o seu papai ou uma irmã que perdeu quando era criança e seu irmão que era médico, o qual morreu ainda jovem. Mas nos permitiu perceber que ao seu redor havia uma grande família de amigos, uma grande família da Igreja”.

Dom Mokrzycki recordou logo que “nesses anos também muitas famílias provenientes de diferentes partes do mundo vinham ao seu encontro: Polônia, Itália, Estados Unidos. Ele tinha a capacidade de estar em contato com muita gente, com muitas famílias e não só cristãs. Também e especialmente famílias judias. A partir disso, percebi a importância do contato com a família e como o Papa sublinhava o papel da família na vida da Igreja e da sociedade”.

“Desde o início do seu pontificado, dava muita importância ao papel da família, dedicou um ciclo de catequese das audiências das quartas-feiras ao livro do Gênesis quando diz: homem e mulher os criou. E logo escreveu a carta apostólica sobre a família (Familiaris Consortio)”.

“Ele estava muito comprometido em desenvolver este tema e acompanhar de perto a família, a fim de sublinhar a sua grande importância na vida cotidiana e a necessidade de estar perto da família para viver melhor a vocação de cada um, porque cada homem tem sua vocação: religiosos, sacerdotes, médicos”.

“Mas ser família é uma grande e belíssima vocação, a qual requer responsabilidade, também difícil de ser realizada. E, por isso, João Paulo II queria ajudar a crescer nesta vocação”.

Como foi trabalhar ao seu lado?

Em relação à experiência de compartilhar de perto um tempo de sua vida com o Papa Wojtyla, o Arcebispo disse que foi uma época de “alegria e fadiga porque ele era um homem muito duro consigo mesmo e com os outros. Trabalhava muito e fazia com que os outros trabalhassem também. E, por esta razão, vemos que seu pontificado foi muito interessante e muito rico”.

A respeito do que aprendeu do Papa como bispo, o Prelado ressaltou: “O Santo Padre não foi somente o líder da Igreja universal ou Chefe do Estado Vaticano, mas sobretudo Pastor, Bispo da Diocese de Roma, e isto marcou o seu pontificado”.

“Desejava visitar todas as paróquias da Diocese e no final quando vimos que o fazia com tanto esforço e não podia ir visitar as paróquias, e ainda faltava umas vinte e queria encontrá-las, convidou-as então a que se reunissem na Sala Paulo VI. Então vimos os romanos muito agradecidos por este grande gesto de amor, porque viram que o Papa não os esqueceu e, se não podia ir até eles, os convidou a sua casa”.

São João Paulo II, prosseguiu o Prelado, “foi um grande pastor. Aprendi dele a ter uma visão da vida pastoral, da preocupação a todos os níveis, de amor ao próximo, de caridade, a fim de levar às pessoas a salvação. Os grandes, os pobres, os pequenos, vi o grande amor com o qual abraçava cada pessoa”.

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Hoje a Igreja celebra São João Paulo II, o Papa da família e peregrino

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