O Arcebispo da Filadélfia (Estados Unidos), Dom Charles Chaput, afirmou que é “um grande engano” classificar as palavras do Papa Francisco em termos de “liberal ou conservador”, pois isso leva a perder a profundidade da mensagem do Santo Padre, sobretudo quando aborda temas referentes ao cuidado da criação, que inclui a sexualidade humana.

Durante um diálogo com o Grupo ACI, recordaram ao Prelado que alguns meios debateram as palavras do Pontífice – em sua visita aos Estados Unidos –, em termos de liberal ou conservador.

Diante desta situação, Dom Chaput advertiu que isso “é um grande engano” e que o Papa não encaixa “dentro de categorias políticas”.

“As pessoas discutem acerca dos seus comentários a respeito da mudança climática, mas perdem as consequências mais profundas sobre seu discurso. A natureza, inclusive a natureza humana, é um dom”, disse.

“A Criação – dos oceanos e bosques até nossa sexualidade –, não se trata somente de uma matéria morta que ‘possuímos’ e podemos manipular com a tecnologia”, explicou o Arcebispo.

Nesse sentido, assinalou que “quando Francisco fala a respeito do abuso do homem sobre o meio ambiente, não se refere somente aos desperdícios químicos lançados ao ar, mas também do veneno que recebemos em nossos corpos para suprimir nossa fertilidade natural. Suas palavras são mais agudas e podem ser compreendidas mais facilmente do que as simples divisões de direita-esquerda”. “É fácil perder-se se tirarmos conclusões partidárias muito rápidas”, advertiu.

A respeito do recente Encontro Mundial das Famílias, Dom Chaput destacou o entusiasmo de católicos e não católicos pela presença e pelas palavras do Pontífice.

“Francisco viu a realidade da fé e da vida dos americanos”, assinalou.

Do mesmo modo, recordou que o Santo Padre falou sobre os imigrantes, a dignidade humana, a liberdade religiosa, entre outros temas.

“Mas sua maior habilidade é ajudar as pessoas a se encontrem com os elementos centrais do Evangelho de uma maneira simples e acessível. Ele cura e guia, não é um polemista”, indicou o Prelado, que destacou ainda a importância que Francisco dá à família dentro do seu pontificado.

Nesse sentido, no contexto do Sínodo da Família, a ser realizado a partir do dia 4 de outubro, Dom Chaput recordou que a família humana é uma realidade natural que existe desde antes da política e da criação dos estados. “É orgânica a criação” e precisa “ser fortalecida, não uma reengenharia. Não pode ser redefinida por juízes ou legisladores. Acredito que esta mensagem ressonará em todo o sínodo”, concluiu Dom Chaput.