Al Shabab, grupo terrorista de origem somali vinculado ao Al Qaeda, reivindicou o assassinato de mais de dez cristãos quenianos, ocorrido durante a última terça-feira, 7, em Mandera, localizado no nordeste do Quênia, perto da Somália.

Durante a madrugada desta terça-feira os terroristas atacaram o conjunto residencial, no qual dormiam os trabalhadores de uma pedreira localizada nesta zona. Morreram cerca de 14 pessoas e outras 11 ficaram feridas.

"Estamos atrás do ataque em Mandera. Matamos mais de dez cristãos quenianos", indicou o porta-voz de operações militares do Al Shabab, sheik Abdiasis Abu Musab, à agência Reuters. Declarou ainda: “Isto faz parte de nossas operações realizadas contra Quênia”.

Em abril deste ano, este grupo fundamentalista atacou a Universidade de Garissa (Quênia) e massacrou mais de 140 estudantes cristãos. Do mesmo modo, em dezembro de 2014, alguns membros do Al Shabab detiveram um ônibus à 20 quilômetros da Mandera e assassinaram cerca de 36 passageiros que se negaram à ler o Corão. “Quase quarenta cruzados (cristãos) quenianos foram levados a encontrar seu próprio fim”, indicaram então.

Limpeza étnica e religiosa

O Bispo coadjutor de Garissa, Dom Joseph Alessandro, denunciou que “o objetivo do Al Shabab é 'liberar' o nordeste da Somália, habitado pelos quenianos de origem somali, dos não muçulmanos e dos que não são somalis”.

Em declarações à agência vaticano Fides, o Bispo declarou: “Assim como aconteceu nos atentados anteriores, os terroristas estavam observando os trabalhadores procedentes de outras zonas do Quênia, que, portanto, não são somalis nem muçulmanos. Lamentavelmente, parece que esta estratégia está sendo exitosa”.

“Vários trabalhadores que não pertencem a esta zona fugiram imediatamente de Mandera durante estes últimos meses. Os setores mais afetados são saúde e educação. Ao longo do Noroeste o sistema educativo está passando por graves dificuldades devido à falta de professores, procedentes de outras zonas do país, os quais se negaram a trabalhar novamente ali”, assinalou Dom Joseph Alessandro.

O Bispo de Garissa disse: “Vários líderes muçulmanos também estão ‘na mira’ do Al Shabab, aqueles que não pensam como eles e apoiam a ação do governo”.

“No caso que este projeto de 'limpeza étnica e religiosa' chegasse ao seu término, os Al Shabab declararão estes territórios como 'terras islâmicas' e talvez se unirão ao califado. O governo de Nairóbi (Quênia) está tentando fazer tudo o que for possível para que os quenianos nascidos em outras zonas permaneçam no Noroeste, porque a zona inteira corre perigo de ser desestabilizada”, advertiu Dom Alessandro.

O grupo terrorista Al Shabab nasceu na Somália entre os anos 2006 e 2008 e controla a maior parte deste país, cuja população é de aproximadamente 99,8% muçulmana, 0,1% cristã e 0,1% de outra religião. Nos territórios controlados o grupo impôs a lei islâmica.

A Somália está na fronteira entre o Quênia e a Etiópia. No caso do Quênia, os cristãos são 84,8%, os muçulmanos 9,7%, e o resto de outras religiões. Na Etiópia, os cristãos são 62,8%, os muçulmanos 34,6% e o resto possui outras crenças.

Estes dois países decidiram intervir com tropas na Somália devido ao avanço do grupo terrorista, que procura impor um estado islâmico. Diante desta situação, a filial do Al Qaeda ameaçou vingar-se com atentados e assassinatos.