O governo de Rafael Correa quer usar a visita do Papa Francisco como um ‘elemento político’ em meio da instabilidade política que vive o Equador, advertiu Juan Carlos Castelblanco, ex-presidente do Conselho Equatoriano de Leigos Católicos – Guayaquil, que mencionou o uso de frases do Pontífice tiradas de contexto e colocadas em banners nas ruas e edifícios públicos.

Desde o dia 8 de junho o regime socialista de Rafael Correa enfrenta frequentes protestos – em sua maioria pacíficos – rejeitando as políticas econômicas e a sua forma de governar. A oposição convocou uma manifestação na última quinta-feira, 02 de julho.

“Existe um tema de instabilidade política e como temos tão próxima a visita do Santo Padre, a utilizam como um elemento político, tirando esta viagem de uma visita pastoral e convertendo-a, possivelmente, em um elemento de discussão para temas que não têm nada a ver com esta visita”, assinalou Castelblanco.

Em declarações ao Grupo ACI, Castelblanco se referiu aos “banners e painéis publicitários que o governo colocou em diversas regiões do país com fotos e frases pronunciadas pelo Papa Francisco, tirando-as do contexto no qual foram expressadas. Desta maneira, este uso da imagem do Santo Padre gerou constantes críticas dos fiéis equatorianos através das redes sociais”.

Bispos pedem não politizar visita de Papa Francisco

Por sua parte, o porta-voz da Conferência Episcopal Equatoriana, Pe. David de la Torre, pediu ontem para que não politizem a visita do Santo Padre, pois ele é o Pastor da Igreja universal e “não virá à nosso país para consagrar nenhuma ideologia política, nenhum regime político”.

O sacerdote indicou: “O país vive momentos importantes a nível social, político e cultural. A visita do Pontífice não pode ser escurecida por interesses particulares. Que cada um, desde onde estiver (...) dedique estes dias à meditação, reflexão, escuta e humildade".

Nesse sentido, o Pe. David disse: "Este não é o momento de armar mais polêmicas e mais divisões. De fato, a Conferência Episcopal Equatoriana não falou de uma trégua, falou de um convite ao diálogo entre os diferentes setores”.