O Papa Francisco animou os líderes religiosos a continuar o caminho do perdão e a reconciliação, no encontro ecumênico e interreligioso realizado no Centro Estudantil Franciscano Internacional, durante sua visita apostólica à Bósnia-Herzegovina.

Bósnia-Herzegovina é um país com profundas divisões étnicas e religiosas provocadas por uma guerra civil na década de 90. Dos 3.8 milhões de habitantes do Bósnia-Herzegovina, 40 por cento são muçulmanos/bósnios, 40 por cento são cristãos ortodoxos/sérvios e 15 por cento são católicos/croatas.

Em sua mensagem aos líderes religiosos, o Santo Padre reconheceu que “ainda há um longo caminho a percorrer. Mas não deixemo-nos desanimar pelas dificuldades e continuemos com perseverança pelo caminho do perdão e da reconciliação”.

“Ao fazer justa memória do passado, também para aprender as lições da história, evitemos as recriminações e descriminações; antes, deixemo-nos purificar por Deus, que nos dá o presente e o futuro. Ele é nosso futuro: Ele é a fonte última da paz”, disse.

Francisco expressou sua alegria por participar do encontro, e o qualificou como um “signo de um desejo comum de fraternidade e de paz; e dá fé de uma amizade que se foi construindo com o passar do tempo e que já vivem na convivência e a colaboração cotidianas”.

“Estar aqui é já uma ‘mensagem’ desse diálogo que todos procuramos e pelo qual estamos trabalhando”, disse.

O Papa sublinhou que “o diálogo interreligioso, antes mesmo de ser uma discussão sobre os grandes temas da fé, é uma ‘conversação sobre a vida humana’. Nele se compartilha o dia a dia da vida concreta, em seus gozos e suas tristezas, com suas angústias e suas esperanças; assumem-se responsabilidades comuns; projeta-se um futuro melhor para todos”.

“No diálogo se reconhece e se desenvolve uma convergência espiritual, que unifica e ajuda a promover os valores morais, a justiça, a liberdade e a paz. O diálogo é uma escola de humanidade e um fator de unidade, que ajuda a construir uma sociedade fundada na tolerância e no respeito mútuo”.

O Santo Padre remarcou que o diálogo interreligioso não pode estar limitado a um pequeno grupo, mas que “deveria estender-se ao máximo possível a todos os crentes, envolvendo as distintas esferas da sociedade civil. E, uma atenção particular neste sentido merecem os jovens, chamados a construir o futuro do País”.

Para que este diálogo seja autêntico e eficaz, destacou, “pressupõe-se uma identidade formada: sem uma identidade formada, o diálogo é inútil ou prejudicial”.

Manifestando sua avaliação pelo trabalho realizado, Francisco assegurou aos líderes religiosos “que a Igreja Católica seguirá dando seu pleno apoio e assegurando sua completa disponibilidade”.

O Papa assinalou que Sarajevo, “que nos últimos tempos se converteu tristemente em um símbolo da guerra e de sua devastação, hoje, com sua variedade de povos, culturas e religiões, pode chegar a ser novamente sinal de unidade, um lugar onde a diversidade não represente uma ameaça, e sim uma riqueza e uma oportunidade para crescer juntos”.

“Em um mundo lamentavelmente ainda ferido pelos conflitos, esta terra pode converter-se em uma mensagem: dar fé de que é possível viver juntos uns dos outros, na diferença mas na humanidade comum, construindo juntos um futuro de paz e de irmandade”, assinalou o Santo Padre.