A Praça de São Pedro ficou repleta de peregrinos que foram à celebração do domingo do Ramos em uma manhã primaveril. A liturgia recorda a entrada de Jesus em Jerusalém enquanto era aclamado pelas multidões com ramos de oliveira. No mesmo dia celebra-se mundialmente o Dia Mundial da Juventude em nível diocesano.

A celebração presidida pelo Papa Francisco começou às 9,30 da manhã. No centro da Praça, diante do Obelisco, o Pontífice abençoou as Palmas e Ramos dos fiéis e depois deu início à Missa, proclamando o Evangelho da Paixão.

Junto ao Pontífice estavam muitos jovens, que ouviram do Papa a Exortação de preparar-se para a JMJ 2016 na Polônia e refletiram sobre o tema do evento neste ano: "Bem-aventurados os limpos de coração, porque verão a Deus”.

Em sua homilia, o Papa animou a seguir o caminho de Jesus com humildade e a não renegar Dele, porque “o amor nos guiará e nos dará força”.

“No centro desta celebração, que se apresenta tão festiva, está a palavra que escutamos no hino da Carta aos Filipenses: ‘humilhou-se a si mesmo’”, disse o Papa apenas iniciou a sua homilia.

Sobre isto, explicou do que se trata a humilhação de Jesus, uma palavra que “nos revela o estilo de Deus e do cristão: a humildade”.

E sobre este ‘estilo’ o Papa destacou que Deus “nunca deixará de nos surpreender e nos colocar em crise: nunca acostumaremos a um Deus humilde” porque “humilhar-se é acima de tudo o estilo de Deus: Deus se humilha para caminhar com seu povo, para suportar suas infidelidades”.

Por isso, “nesta semana, a Semana Santa, que nos conduz à Páscoa, seguiremos este caminho da humilhação de Jesus. E só assim será ‘Santa’ também para nós”.

 

Continuando, Francisco adiantou alguns dos acontecimentos dos que os fiéis serão testemunhas ao nestes próximos dias de celebrações. “Veremos o desprezo dos chefes do povo e suas enganações para acabar com ele. Assistiremos à traição de Judas, um dos Doze, que o venderá por trinta moedas. Veremos o Senhor preso e tratado como um malfeitor; abandonado por seus discípulos; levado ante o Sinédrio, condenado à morte, açoitado e ultrajado”.

Também “escutaremos como Pedro, a ‘rocha’ dos discípulos, o negará três vezes. Ouviremos os gritos da multidão, instigada pelos chefes, pedindo que Barrabás fique livre e que o crucifiquem. Veremos como os soldados caçoarão dele, vestido com um manto cor púrpura e coroado de espinhos. E depois, ao longo da via dolorosa e aos pés da cruz, sentiremos os insultos do povo e dos chefes, que riem de sua condição de Rei e Filho de Deus”.

Precisamente, “esta é a via de Deus, o caminho da humildade. É o caminho de Jesus, não há outro. E não há humildade sem humilhação”.

Voltando para a atitude de Cristo, que tomou “a condição de servo”, o Bispo de Roma esclareceu que, “com efeito, a humildade quer dizer serviço, significa deixar espaço a Deus negando-nos a mesmos, ‘despojando-nos´, como diz a Escritura”.

 

“Esta é a humilhação maior. Há outra via, contrária ao caminho de Cristo: o mundanismo. A mundanidade nos oferece o caminho da vaidade, do orgulho, do êxito. É esta a outra via”, alertou o Papa lembrando como Jesus a rechaçou sem duvidar no deserto. “Com ele, também nós podemos vencer esta tentação, não só nas grandes coisas, mas também nas circunstâncias ordinárias da vida”.

Falando dos santos, que venceram o mundanismo o Santo Padre afirmou: “nos ajuda e nos conforta o exemplo de muitos homens e mulheres que, em silêncio e sem serem vistos, renunciam cada dia a si mesmos para servir a outros: um familiar doente, um idoso sozinho, uma pessoa com deficiência. Pensemos também na humilhação dos que, por manter-se fiéis ao Evangelho, são discriminados e sofrem as consequências em sua própria carne”.

Outro exemplo é dos cristãos perseguidos. “Pensemos em nossos irmãos e irmãs perseguidos por serem cristãos, os mártires de hoje: não renegam Jesus e suportam com dignidade insultos e ultrajes. Seguem-No pelo Seu caminho. Podemos falar de ‘uma nuvem de testemunhas’”.

“Como eles, tomemos também nós com decisão este caminho, movidos pelo amor a nosso Senhor e Salvador. O amor nos guiará e nos dará força. E, onde está ele, estaremos também nós”, concluiu.