A Sala Paulo VI do Vaticano recebeu nesta manhã sete mil pessoas que participaram entre os dias 10 e 13 de novembro no Congresso Mundial de Contabilistas. Entre outros temas, o Papa Francisco lhes falou sobre a ética de sua profissão e o desemprego.

“É preciso fomentar e cultivar uma ética da economia, das finanças e dos mercados trabalhistas”, disse o Santo Padre e assinalou que “hoje enfrentamos a realidade dramática de tantas pessoas que têm empregos precários, ou que o perderam; de tantas famílias que pagam as consequências; de tantos jovens em busca de um primeiro emprego e de um trabalho digno”.

“Há muitas pessoas, especialmente os imigrantes, que obrigados a trabalhar ‘ilegais’, não têm as mais elementares garantias jurídicas e econômicas”, disse o Pontífice. Nesta situação precária econômica, “é forte a tentação de defender o próprio interesse sem preocupar-se com o bem comum, nem prestar muita atenção à justiça e a legalidade”.

O Santo Padre disse logo que “é tarefa de todos, especialmente dos que exercem uma profissão que tem a ver com o bom funcionamento da vida econômica de um País, que o seu trabalho seja positivo, construtivo, no curso diário do próprio trabalho, sabendo que por trás de cada papel existe uma história, existem rostos”. O profissional cristão, prosseguiu, deve ser “criativo para encontrar soluções em situações bloqueadas; fazer prevalecer as razões da dignidade humana diante da rigidez da burocracia”.

O Papa ressaltou deste modo que a economia e as finanças são “dimensões da atividade humana que podem ser ocasião de encontro, cooperação, de direitos reconhecidos e serviços prestados e dignidade afirmada no trabalho”, mas para isso “é necessário colocar no centro o ser humano com a sua dignidade, contrastando as dinâmicas que tendem a homologar tudo e a colocar o dinheiro acima de tudo”.

“Quando o dinheiro se torna o fim e a razão de toda atividade e de toda iniciativa, então prevalecem a ótica utilitarista e a lógica selvagem do lucro que não respeita as pessoas, com o consequente abalo dos valores da solidariedade e do respeito pela pessoa humana”, assinalou.

“Os que trabalham com economia e finanças são chamados a fazer escolhas que favoreçam o bem social e econômico de toda a humanidade, oferecendo a todos a oportunidade de realizar o próprio desenvolvimento”.

Além disso, exortou a “trabalharem sempre com responsabilidade, em favor das relações de lealdade, justiça e fraternidade, enfrentando os problemas com coragem, sobretudo ao lidar com os problemas dos mais pobres”.

Por outro lado, pediu “manter vivo o valor da solidariedade como uma atitude moral, que expressa o nosso compromisso com o outro em todas as suas reivindicações legítimas”. Sobre uma necessária solidariedade, o Santo Padre aludiu a que “a doutrina social da Igreja nos ensina que o princípio de solidariedade se realiza juntamente com o de subsidiariedade”.

“Graças ao efeito destes dois princípios os processos estão a serviço do ser humano e cresce a justiça, sem a qual não é possível a paz verdadeira e duradoura”, advertiu o Papa Francisco.