O primeiro-ministro do Paquistão, Nawaz Sharif, condenou o espancamento e o assassinato brutal do casal cristão acusado de ter profanado o Alcorão, reconhecendo que foi um “crime inaceitável”.

Sharif ressaltou que um Estado responsável não pode tolerar que as multidões atuem à margem da lei, e também pediu que sejam tomadas medidas contra os responsáveis pelos assassinatos, conforme informou a rede de televisão paquistanesa Geo TV.

A Polícia paquistanesa prendeu 45 suspeitos do assassinato. A blasfêmia é considerada um crime grave no regime muçulmano conservador do Paquistão, onde aqueles que são acusados são objeto, em algumas ocasiões, de linchamentos.

A imprensa local informou que o casal cristão estava sendo acusado de queimar e jogar no lixo uma cópia do Alcorão na província de Punjab na terça-feira passada. A Polícia disse que seus corpos foram queimados na fábrica de tijolos onde trabalhavam.

As acusações por blasfêmia, inclusive quando são levadas para a justiça, podem suportar pena de morte no Paquistão, de maioria muçulmana. É complicado lutar contra isso já que as leis não definem claramente o que é a blasfêmia. A apresentação da evidência pode ser, em algumas ocasiões, considerada como uma infração.

Os cristãos são cerca de quatro por cento da população paquistanesa e costumam ter um perfil baixo num país onde as minorias são atacadas por serem consideradas hereges.

Todas as minorias que moram no Paquistão consideram que o Estado não faz o suficiente para defendê-los e, inclusive, tolera a violência contra eles.

No mês passado, um homem britânico que sofria uma doença mental e tinha sido sentenciado por blasfêmia no início do ano, foi assassinado a tiros em sua cela por um guarda da prisão.

Também em outubro, um jurado paquistanês confirmou a pena de morte a uma mulher cristã, Asia Bibi, também acusada por blasfêmia. Um caso que chamou a atenção de todo o mundo depois do assassinato dos políticos que tentaram ajudá-la.