O Pe. Antonio Spadaro, diretor da revista Civiltá Cattolica, rechaçou que o enfrentamento contra o Estado Islâmico (ISIS) no Iraque e Síria seja uma “guerra religiosa”, tal como assinalou o vaticanista Sandro Magister em seu blog “Settimo Cielo” no dia 4 de setembro aludindo ao último editorial da revista católica italiana.

O artigo do Magister se intitula “É guerra de religião. Assim o diz a ‘Civiltà Cattolica’”. Entretanto, no dia seguinte a revista rechaçou através de sua conta do Twitter que se tratasse de uma guerra de religião. “O analista entende mal e tomou ao reverso nossa nota. Negamos que para nós isto seja uma guerra de religião. Sim o é na visão do ISIS”, assinalou.

“Em nossa opinião é o contrário: Não é guerra de religião!”, rebateu a Civiltà.

Em 5 de setembro, em declarações ao grupo ACI, o Pe. Spadaro disse: “Acredito que não preciso escrever outras declarações. Eu já o fiz. As declarações são o próprio artigo, que diz que o ISIS pensa que está em uma ‘guerra de religião’, mas devemos estar alertas contra essa maneira de pensar”.

Do mesmo modo, a conta do Twitter da Civiltá Cattolica publicou um link para um artigo do site Barbadillo.it, intitulado “A Polêmica. Guerra de religião no Iraque? Civiltá Cattolica: ‘Não cair na tentação de fazê-la”, indicando que a revista não assume que o conflito seja de fundo religioso.

Barbadillo cita parte do editorial onde se afirma que “os analistas militares dão fé que a atual solução armada não é eficaz. Limitar-se a este meio pode permitir (ao ISIS), que siga ganhando território e cometendo maiores atrocidades”.

“É crucial estudar e compreender por que e como é a guerra do ISIS. A sua é uma guerra de religião e de aniquilação…Instrumentaliza o poder da religião e não vice-versa”. Nesse sentido, acrescenta o site, o califado islâmico é um projeto político, embora com bases teocráticas”.

Por sua parte, Sandro Magister disse ao grupo ACI que “os eufemismos não ajudam a esclarecer as coisas. De fato, neste caso eles as afastam da realidade. Para que uma guerra seja definida ‘religiosa´, basta que um dos opositores a considere como tal e a combata desde esta perspectiva”.

“É o que faz a Civiltà Cattolica a propósito da guerra liderada pelo ISIS. Justamente a revista cita, mostrando seu acordo com o editorial de Ernesto Galli della Loggia no ‘Corriere della Sera’ que começa assim: ‘Primeira pergunta: Como se pode fazer a guerra contra um agressor que invoca constantemente a Deus e sua afiliação religiosa sem indevidamente dar um caráter igualmente religioso a qualquer resposta militar? Em outras palavras, é realmente necessário, com tal de falar de uma guerra religiosa que ambos os adversários a proclamem assim ou será que basta que um só deles o faça? Se alguém me matar porque sou xiita, cristão, hebreu ou um ‘infiel’ e busco me defender devolvendo o golpe, o que é isto se não uma guerra religiosa?”, assinalou Magister.