O Papa Francisco recebeu nesta quinta-feira em audiência privada o ex-presidente de Israel, Shimon Peres, que apresentou ao Pontífice uma iniciativa para envolver os líderes religiosos na busca da paz, informou a Santa Sé.

No encontro que durou 45 minutos, “Peres apresentou ao Pontífice a sua iniciativa de envolver os líderes religiosos na busca da paz, baseando-se no pressuposto de que, se no passado a maior parte das guerras estavam motivadas pela ideia de nação, na atualidade é, sobretudo, a desculpa da religião o detonador dos conflitos”.

“O Santo Padre ouviu atentamente o projeto do ex-presidente israelense e, o encontro entre ambos se desenvolveu em um clima de grande cordialidade”, informou o Vaticano.

Do mesmo modo, o diretor do Escritório de Imprensa, Pe. Federico Lombardi, explicou aos jornalistas que "o Papa Francisco não se comprometeu pessoalmente, acolhe sempre com grande atenção tudo o que lhe propõem e manifesta o seu interesse e apoio por todas as iniciativas que visam à paz”.

Como se recorda, o Vaticano conta com dois dicastérios para trabalhar pela paz e o diálogo inter-religioso, que são o Pontifício Conselho Justiça e Paz, dirigido pelo Cardeal Peter Turkson e o Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, dirigido pelo Cardeal Jean-Louis Tauran.

Em uma entrevista concedida recentemente à revista Famiglia Cristiana, Peres disse que se necessita “uma organização das religiões unidas, a ONU das religiões. Seria a melhor maneira de lutar contra estes terroristas que matam em nome da fé, porque a maioria das pessoas não são como eles, praticam a própria religião sem matar ninguém, sem sequer pensar nisso”.

O ex-presidente, que foi Prêmio Nobel da Paz em 1994, também propôs ao Papa Francisco criar uma “Carta das Religiões Unidas” para estabelecer “em nome de todos os credos que matar as pessoas ou realizar assassinatos em massa, como temos visto nas últimas semanas, não tem nada a ver com religião”.

O ex-presidente de Israel disse que “É uma guerra completamente nova a respeito daquelas do passado, seja nas técnicas e sobretudo nas motivações. Hoje em dia há centenas, se não milhares, de grupos terroristas que matam em nome de Deus. Para opor-se a esta tendência temos as Nações Unidas”.

Explico que este “é um órgão político, mas que não tem os Exércitos das nações nem as convicções que criam as religiões. Quando a ONU manda seus negociadores para o Oriente Médio - que sejam das Ilhas Fiji ou das Filipinas - e eles são sequestrados pelos terroristas, o que faz o secretário-geral da ONU? Uma bela declaração que não tem a força nem a eficácia que qualquer homilia do Papa, que só na Praça de São Pedro reúne meio milhão de pessoas”.

Do mesmo modo, neste dia 4 de setembro aconteceu o encontro com o príncipe El Hassan Bin Talal, do reino hachemita da Jordânia, com quem também dialogou sobre o papel da religião e a paz.