A Sala de Imprensa da Santa Sé negou energicamente que o Vaticano tenha encoberto o Ex-Núncio Apostólico na República Dominicana, Josef Wesolowski, acusado de abusos sexuais, e assinalou que ele pode ser extraditado em qualquer momento.

Em junho deste ano, o Vaticano informou que Jozef Wesolowski, acusado de cometer abusos sexuais, foi retirado do estado clerical depois da conclusão do processo canônico em primeira instância na Congregação para a Doutrina da Fé. Nessa ocasião, a Santa Sé informou que o Ex-Núncio tinha dois meses para apelar da sanção.

Em 23 de agosto, o jornal norte-americano The New York Times publicou um artigo assegurando que “a Igreja continua sendo resistente a denunciar às autoridades as pessoas suspeitas de abusos, e a permitir-lhes enfrentar a justiça em tribunais seculares”.

Citando ao Procurador Geral da República Dominicana, Francisco Domínguez Brito, o New York Times indicou que Josef Wesolowski não poderia ser extraditado do Vaticano por ter “imunidade diplomática”.

Em um comunicado difundido hoje em resposta às informações erradas difundidas principalmente pelo New York Times, o diretor do Escritório de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, assinalou que “tendo Dom Wesolowski cessado as funções diplomáticas e consequentemente perdendo a sua imunidade, poderia também ser sujeito a processos judiciários por outros tribunais que tenham eventual título”.

Sobre o estado atual do processo contra o Ex-núncio na República Dominicana, o porta-voz do Vaticano assinalou que Wesolowski “apresentou recentemente apelo, dentro dos termos prescritos de dois meses, à sentença canônica de primeiro grau de redução ao estado laical”.

“A relativa sentença junto à Congregação da Doutrina da Fé é prevista em tempos breves, provavelmente no próximo mês de outubro”.

O processo penal nos tribunais civis do Vaticano contra o Ex-núncio na República Dominicana, assinalou o Pe. Lombardi, “continuará assim que a sentença canônica for definitiva”.

“Em referência ao que apareceu na imprensa nestes dias, deve-se notar que as Autoridades da Santa Sé, desde quando o caso foi proposto a elas, se moveram rapidamente e corretamente, à luz do status específico de que Dom Wesolowski gozava como representante diplomático da Santa Sé”.

O Pe. Lombardi destacou que procederam assim “seja na ocasião da sua convocação a Roma, seja no tratamento do caso em contato com as Autoridades da República Dominicana”.

“Longe de qualquer intenção de cobrir o caso, isso mostra, ao invés, a assunção plena e direta de responsabilidade por parte da Santa Sé, mesmo num caso tão grave e delicado, sobre o qual o Papa Francisco é mantido plenamente informado e que deseja que seja enfrentado com todo o justo e necessário rigor”.