O Arcebispo de Abuja (Nigéria), Dom John Olorunfemi Onaiyekan, lamentou que o governo do país africano não seja consciente do perigo que acarreta o avanço do grupo extremista muçulmano Boko Haram, que embora não tenha ainda o nível do Estado Islâmico do Iraque, continua tomando mais aldeias e cidades.

Em declarações à Rádio Vaticano, o Prelado expressou o medo que se sente ao ouvir sobre o que acontece no Iraque, pois as pessoas sabem “o que significa um Estado Islâmico”.

“Boko Haram, pelo menos até agora, graças a Deus, não é tão consistente para representar um grande perigo para o Estado nigeriano”, entretanto, advertiu que “o perigo é que, se aumenta este modo de pensar entre as pessoas, se possa chegar também a uma situação semelhante àquela do Norte do Iraque. A minha amargura é a de não ver, no modo de agir do nosso governo, a percepção da gravidade da situação”.

Nesse sentido, explicou que não se sabe o que pensar diante das notícias como o sequestro de mais jovens por parte deste grupo. “O fato é que agora por causa das eleições do próximo ano tudo é instrumentalizado pela política”, indicou.

“O que me parece certo é que muitos jovens muçulmanos daquela zona são simpatizantes do Boko Haram e muitos se põem à sua disposição: aderindo ou trabalhando para eles nas aldeias. E então, não se percebe se se trata de raptos ou se é apenas gente que por própria vontade passa da parte deles”, assinalou.

“Naturalmente, existem jovens, especialmente cristãos, que não querem ter nada a ver com o Boko Haram. Parece que Boko Haram conseguiu estabelecer uma forte ruptura entre cristãos e muçulmanos, que por muitos anos viveram juntos como irmãos e irmãs, nas mesmas aldeias. Isto é preocupante”.

O Arcebispo de Abuja esclareceu que “o problema da Nigéria não é o da perseguição dos cristãos pelos muçulmanos: o problema principal é parar as atividades dos terroristas, que matam todos, cristãos e muçulmanos”, assinalou.

Recentemente este grupo –conhecido por sequestrar meninas e atacar Igrejas-, tomou as cidades de Buni Yadi e Gwoza, provocando a fuga de mais de 11.000 pessoas. Os sobreviventes informaram sobre execuções e saques por parte dos fundamentalistas islâmicos.

Do mesmo modo, em fevereiro uma escola pública de Buni Yadi foi atacada por este grupo, provocando a morte de pelo menos 50 estudantes.

Por sua parte, soldados de Chad –país vizinho da Nigéria-, libertaram na semana passada 87 pessoas sequestradas por este grupo extremista em 11 de agosto quando atacaram a aldeia de Doron Baga, no estado nigeriano de Borno.

Nesta aldeia os fundamentalistas mataram 28 pessoas, incendiaram as casas e levaram os homens e as mulheres para Chad, onde os sequestrados temiam ser obrigados a combater pelo exército.