A família do jornalista James Foley, decapitado por extremistas do Estado Islâmico em um vídeo difundido ontem, pediu orações para superar a trágica morte do norte-americano sequestrado na Síria em novembro de 2012.

Foley, de 40 anos, era o mais velho de cinco irmãos. Nasceu no seio de uma família católica de Boston. Em 2011 foi sequestrado na Líbia e depois de 45 dias de cativeiro revelou que rezar o terço da forma como fazia a sua mãe e a sua avó lhe deu a força para sobreviver.

Em declarações à imprensa nesta manhã, o sacerdote Paul Gousse, amigo da família Foley e que conheceu o jornalista, afirmou que James “foi um homem preocupado pelas pessoas e era uma luz. Era um homem que tinha uma profunda compaixão e amava as pessoas”.

Embora a família Foley não tenha tido contato com a imprensa, sua mãe Diane saiu da sua casa rumo à igreja para rezar e ontem publicaram um comunicado no qual manifestaram sua dor.

O sacerdote os acompanhou por 45 minutos. "A mãe de Jim (James) disse-me, justo antes de partir, ao me dar um abraço: ‘Por favor, reze por mim, para não me amargurar. Eu não quero odiar’”.

Foley foi sequestrado na Síria enquanto trabalhava como jornalista independente para a agência GlobalPost. Sua família nunca soube nada dele até ontem, quando se difundiu o vídeo de sua execução.

A oração do terço e a prisão

Nas últimas horas, diversos meios de imprensa divulgaram uma carta que escreveu em 2011 para a revista da universidade católica Marquette de Milwaukee logo depois de ser prisioneiro das forças partidárias do governo líbio.

“Rezava para que a minha mãe soubesse que eu estava bem (...). Comecei a rezar o terço. É o que minha mãe e minha avó teriam rezado. Recitava 10 Ave-marias entre cada Pai-Nosso. Demorava muito tempo, quase uma hora, contar 100 Ave-marias com os meus dedos. E me ajudava a manter a mente enfocada”.

“Clare (sua colega sequestrada) e eu rezávamos juntos em voz alta. Sentíamos consolo ao confessar as nossas debilidades e esperanças juntos, como se estivéssemos conversando com Deus, mais que estando em silêncio e solidão”, escreveu Foley.

Quando foi libertado, a primeira coisa que fez foi recitar uma oração e telefonar para a sua mãe. Então lhe disse: “Rezei para que soubesse que eu estava bem, recebeu as minhas orações?”. Sua mãe respondeu: ‘Jimmy, há muitas pessoas rezando por ti. Todos seus amigos: Donnie, Michael Joyce, Dan Hanrahan, Suree, Tom Durkin, Sarah Fang, que ligou; seu irmão Michael, que gosta muito de você’”.

A família do jornalista pediu que, por respeito, as pessoas não vejam o vídeo de sua execução.

"Nunca estivemos mais orgulhosos do nosso filho Jim -escreveu a sua mãe, Diane Foley, no Facebook. Deu a sua vida tentando mostrar ao mundo o sofrimento do povo sírio. Imploramos aos sequestradores que perdoem a vida do resto dos reféns. Como Jim, são inocentes e não têm controle sobre a política do Governo norte-americano no Iraque, na Síria nem em nenhum lugar do mundo”.